segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

CONFISSÕES DE UM SIMPÁTICO VELHINHO IMPOSTOR

Sem querer desvalorizar o aspecto lendário do Papai Noel, mas...



                                           Texto e produção: Neemias Félix
                                           Música: Adhemar de Campos

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Não à bolsa-família! Sim ao trabalho!

Neemias Félix
Eu tinha nove anos. Meu pai, com os dois pulmões tomados  pela tuberculose, sobrevivia num quartinho separado, para a gente não se contaminar. Quase não tínhamos o que comer, mas lembro-me bem da farinha seca e da manjuba salgadíssima de caixa de madeira.

Com essa idade comecei a trabalhar numa pequena padaria. Acordava às três e meia da madrugada para preparar a massa e tocar um pesado cilindro de madeira que me deixava suspenso no ar. Não recebia um único tostão como pagamento,  mas o  padeiro  me  passava uns pães  dormidos e um  pouco  de  açúcar e trigo  para o  mingau do meu pai. Foi meu primeiro trabalho por dois anos. Ainda assim, eu estudava, porque papai dizia que a "instrução era muito importante". Também dizia que eu não devia furtar. É claro que, naquela época, a responsabilidade pelos nossos erros ainda não era atribuída à “sociedade”. Meu irmão, com treze anos e apenas uma vista, quebrava pedras numa construção. No ano seguinte, recebi o prêmio do meu esforço: primeiro lugar da classe da quarta série, com média 99. Como presente, um par de meias muito bonitas, mas só pude usá-las dois anos depois, quando comprei sapatos. Eles eram feitos de plástico, tinham uns furinhos na parte de cima e ficavam encharcados com a chuva. Outros trabalhos humildes apareceram antes da faculdade: estofador de poltrona, mecânico de bicicleta, balconista de casa de peças.

O Estado nunca foi meu provedor, nem com livros (eu os tomava emprestados ou os comprava de segunda mão), nem com merenda, que não tínhamos, nem com nada. Já professor formado, cheguei a ganhar um salário mínimo por muito tempo. Nunca desisti da profissão.

Não dê bolsa-família; dê trabalho.

Quando meu filho Gibran tinha nove anos, pediu para trabalhar - queria vender picolé; quando minha filha tinha doze, pediu também para trabalhar numa loja. Já formada em Direito, antes de exercer a profissão, trabalhava tranquila e honradamente numa padaria. Nunca teve vergonha disso.

Não dê bolsa-família; dê trabalho e instrução.

Agora veja: o filho de uma ex-empregada recebeu bolsa-família durante anos. Nunca trabalhou. Ia à escola para perturbar os professores e garantir a frequência para a maldita bolsa. Sempre gostou de rua e vadiagem. Há dois anos engravidou uma garota e hoje, com dezessete, tem um filho de um ano. Sabe onde moram os três? Na casa da minha ex-empregada. Sabe quem sustenta todos? Minha ex-empregada, porque os dois só foram ensinados a viver de bolsa-família, não a trabalhar. Continua na rua, na vadiagem.

Não dê bolsa-família, dê trabalho. Ainda no Éden, Deus disse: "Comerás o teu pão com o suor do teu rosto". Milhares de anos mais tarde, o apóstolo Paulo vai orientar os cristãos tessalonicenses: "Aquele que não trabalha também não deve comer".

Querem mais? Tenho uma neta adotiva de três anos, negra e bela como o ébano. Pelo amor de Deus, não lhe deem cota! Socialistas, vocês não têm o direito de fazer isso, de estragar a vida da minha neta! Deem-lhe apenas trabalho e instrução, porque educação seus pais lhe dão em casa. Governantes que mantêm benefícios como esse por muitos anos são incompetentes e desonestos. Nunca deveriam administrar uma nação!


Ah, acabo de receber uma informação: o filho da minha ex-empregada engravidou outra vez a companheira. Mas ele disse à mãe para ficar tranquila: vai mandá-la abortar.

domingo, 7 de dezembro de 2014

PEQUENA PARÁBOLA DA FORMA E FUNDO

Neemias Félix

Havia um homem que teimava em dizer que o importante era o conteúdo, não a forma. Um dia, ao passar por um terreno onde havia um barro muito pegajoso, este começou a grudar nas suas sandálias e a dificultar sua caminhada.

Ao sentar-se para descansar, acabou dormindo. O sol forte que se seguiu terminou por endurecer o barro das sandálias e a esculpir um esquisito calçado, muito diferente do que estava usando antes. Ao acordar, o homem não conseguia sequer manter-se em pé sobre aquelas estranhas alparcas que tinham, agora, um novo e inútil formato. Precisou raspar todo o barro duro e seco para continuar caminhando.

O homem então refletiu que, ao contrário do que pensava, a forma pode, sim, modificar o conteúdo, a ponto de fazê-lo ficar irreconhecível e até impraticável.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O CÉU É UM PÉSSIMO LUGAR

Neemias Félix

É interessante como o ser humano é contraditório em assuntos relacionados com a eternidade.

Tenho conversado com pessoas para as quais a ideia de Deus, eternidade, céu e inferno passa de largo, é algo tão abstrato, tão fantasioso como os contos de fada. Outras preferem viver e agir com uma autossuficiência espantosa, guiadas pelos seus conceitos particulares sobre bem e mal, uma justiça própria inconsistente diante da mais simples análise, na contramão de qualquer senso comum de ética e moral.

Outras mais, em atitude mais grave, perpetram os mais terríveis crimes, corrompem e são corrompidas, blasfemam, zombam dos cristãos porque estes oram, louvam, adoram, leem a Bíblia, reúnem-se com outros irmãos e tentam, com a ajuda do Criador, levar uma vida reta, estar mais próximos de Deus. Para aqueles, os cristãos são muito ingênuos, românticos, carolas, quando não ignorantes, alienados pelo “ópio do povo”, que é a “religião”.

A maioria delas, entretanto, por incrível que pareça, sempre pensa numa outra vida mais confortável que esta, com um Deus amoroso e longânimo que de alguma forma vai acolhê-las num “bom lugar”, o que significa que, a seu modo, elas pensam no céu, mesmo que de forma vaga e nebulosa. E são exigentes: “Como pode um Deus, que é amor, enviar alguém para o inferno? Isso seria uma injustiça, uma contradição.”

E é exatamente nisso que reside a maior contradição, não de Deus, mas dessas pessoas. Se pensarmos no reino do céu e de Deus como algo que começa no coração do ser humano e, portanto, aqui nesta vida, é fácil presumir que o céu é, ressalvadas as devidas proporções, um prolongamento da vida que levamos aqui. Noutras palavras: a vida eterna, para o cristão, começa aqui.

Por isso, o cristão verdadeiro não terá nenhum problema de “adaptação” na eternidade do céu, já que começa a vivê-lo aqui nesta dimensão. Para os que já estão sem essa intimidade com Deus e Seu modus vivendi,  será muito difícil e até constrangedor viver no céu. Ficarão, na certa, desconfortáveis, sem lugar. Por essa razão é que Deus, justiça seja feita, não manda ninguém para o inferno. As pessoas é que escolhem viver lá. Afinal é o prolongamento da vida que levaram aqui neste mundo. Nunca poderão reclamar de nada, porque sempre puseram Deus de lado. Nunca quiseram que Ele fizesse parte de sua vida, de seus planos, como farão isso no céu? Nunca tiveram intimidade com Ele por meio da oração, como serão seus amigos? Nunca o louvaram aqui, como o louvarão lá? Nunca se submeteram a Ele, como aceitarão Seu reinado lá? E Deus, que dotou o ser humano do livre-arbítrio, respeita isso.

Para eles, o céu será um péssimo lugar.