quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

DEUS É CONSERVADOR

Neemias Félix
Meu mestre e amigo Nephele Bardo, o Vetusto, me ensinou, neste diálogo, como responder a alguém para quem a palavra “conservador” passou a ser uma pecha, um xingamento, uma ofensa.
‒ Puxa, mas então você é conservador…
‒ Sou, mas estou em excelente companhia.
‒ Não me diga! Ah, ah, ah!
‒ Deus e eu somos conservadores. Ele mesmo diz que não negocia seus princípios, todos muito caros: “Eu, o Senhor teu Deus, não mudo.” É Ele também que se autointitula “o Princípio e o Fim”. Enfim, Ele não permite que o homem embarque na impossível e louca ideia de paralaxe cognitiva, se coloque fora desta realidade e se arvore em observador privilegiado, juiz e executor dela.
‒ Hã?!
‒ Sim, senhor. Veja a criação. Deus não faz revolução. Apenas cria, “cosmetica” tudo, ou seja, organiza o caos. É Ele quem forma, avalia, considera tudo muito bom, preserva e ordena que preservem o que Ele fez. Ele não cria “um mundo melhor”, mas quer que preservemos este.
‒ Bem, olhando por esse lado…
‒ Para o Criador do universo, não é questão de lado, tudo o que faz é perfeito. O casal é seu parceiro e é feito cooperador Seu. Ele, o Criador, diz: “Vocês foram criados homem e mulher; cresçam e multipliquem-se”. Isso não é tarefa para gênero, que é categoria gramatical, mas para sexos diferentes. Isso não é evolução nem revolução, não é criar o utópico e admirável mundo novo. Isso é trabalhar com matéria-prima perfeita. Tanto é que ordena também ao casal que “sujeite a terra”. Esta terra, este mundo, não outro utópico e inatingível. O homem não pode fazer crescer ou multiplicar o que não existe, a não ser na imaginação dos escritores, mas apenas dominar, administrar o que já existe.
‒ Mas Jesus, o Deus encarnado, não parece mais maleável, “bonzinho”?
‒ Engana-se quem pensa que Jesus é bonzinho, que passa a mão na cabeça dos pecadores. À mulher adúltera ele diz: “Vá e não peque mais”. Além disso, a ênfase do pecado desloca-se da ação para a intenção: não apenas “não adultere”, como ato, mas “quem olhar para uma mulher com intenção impura, já adulterou com ela”. Pode haver mais rigor que isso? Eu não disse? Deus não muda, preserva e faz preservar seus princípios.
Deus é radicalmente conservador.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O CLÉRIGO (Neemias Félix)

Poema vencedor do 23º Prêmio Moutonnée de Poesia 2013 (Salto, SP)
e segundo lugar no Prêmio Campos do Jordão de Literatura 2015 (SP)

Fechado em sacros paramentos sacos 
lá vem o clérigo 
Na tonsura, o súcio, o circo
- cisão que sobe vinda do prepúcio?
único heliponto da lisura?
De roupa escura lá vem o cura
Já falou latim ao povo tartamudo, mudo
e a  voz piedosa dosa a intenção maldosa
Quem TV no colarinho em V nada vê
O clérigo
tem mitra, báculo e barrete
e canta, é claro, que em falsete
É cleptomente
e rouba o sacerdócio de todos os crentes
O clérigo não se entrega, intriga e migra
reforma, transmuda e, num instante
renasce em berço e rito protestante
lembrando priscas eras e filacteras
Na língua em pano, em fato domingueiro
velha batina, hábito romano
O clero agora em tom tão evangélico
adora a distinção e os privilégios
ostenta títulos e engendra sortilégios
Enquanto o Mestre se despe, o clérigo veste mais
se enfuna e inflama em vestes clericais
O microfone em riste é poder e assalto
e ocupa sempre lugares mais altos
O clérigo é mais que ativo, é corporativo
Ameaçado, saca este penhor
não alce o braço contra o ungido do Senhor
A tradição que trai sempre insepulta
o odre novo e fresco catapulta
sufoca e acalma a torpe turbamulta
Um lema tem e não faz isso a esmo

que é mudar sempre pra ficar no mesmo

domingo, 25 de outubro de 2015

O BRASILEIRO E A DOLOROSA TAREFA DE RACIOCINAR

Neemias Félix

O brasileiro tem uma dificuldade enorme de raciocinar.

Debruçar-se sobre uma questão, analisá-la, ouvir argumentos diversos, coletar dados e confrontá-los para chegar a uma conclusão parece ser uma tarefa gigantesca, às vezes até dolorosa para esse povo movido a sentimentos e emoções, crendices e superstições.  Basta lembrar um dos bordões mais conhecidos e mais idiotas que circula por todo o país: “Futebol é emoção.” Aí vem uma seleção bem preparada, bem treinada, fria e determinada, que mete sete gols na gente. Nós ficamos com a emoção, o choro e a terrível humilhação; eles, com a vitória, a celebração e a taça.

Toda essa longa introdução para falar do problema do desarmamento e da revisão do famoso estatuto.

Os números (oficiais!) do Mapa da Violência são claros, secos e objetivos, tudo com base nos nove anos antes do Estatuto (até 2003) e nos mesmos nove anos depois dele (2004 a 2012):
               
Taxa de homicídios antes do Estatuto: 26,44
Taxa de homicídios depois do Estatuto: 26,80  (1,36% a mais)

O mínimo que se poderia esperar depois do Estatuto seria a diminuição da quantidade de armas nos homicídios. Nem isso se conseguiu. Veja os números:

Utilização de armas de fogo antes do Estatuto: 64,95%
Utilização de armas de fogo depois do Estatuto: 70,81% (aumento de 9%)

Qualquer povo com um mínimo de senso crítico e capacidade de raciocinar concluiria que o Estatuto não teve nenhuma eficácia naquilo a que se propôs e precisa ser mudado. Além disso, seus efeitos colaterais fragilizaram ainda mais a sociedade inerme e acuada.  Mas o brasileiro, não. Prefere ficar com os sentimentos, o romantismo, os ditos sem reflexão, os lugares-comuns e deixar-se emprenhar pelos ouvidos com os chavões que os socialistoides incutiram e incutem até hoje nas mentes pouco dadas à crítica racional. Aqui estão alguns deles:

“Violência só gera violência.”
“Para que serve uma arma de fogo, senão para matar?”
“Se o pai não tivesse uma arma em casa, a pobre criança não teria matado o coleguinha...”
“A única arma que o cristão deve usar é a Bíblia...”


Realmente, é muito difícil botar alguma lógica e inteligência na cabeça de um povo assim...

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

“INACEITÁVEL”, SIM, MAS É PRECISO MAIS AÇÃO!

Neemias Félix

Abro um jornal da capital e lá está o editorial com o título exclamativo “Inaceitável!”. Parece mais um brado de revolta, o que não é muito comum num tipo de texto que geralmente prima pela sobriedade e equilíbrio. A razão da veemência é justificável: a covardia de um assaltante que atirou na boca de um atendente de farmácia, sem que este esboçasse qualquer intenção de reagir ao assalto.

É triste reconhecer que a energia do editorial, ainda que com a força de um autêntico libelo, é tímida e anódina em relação às ações que todos nós, repito, todos nós devemos envidar para que esses absurdos parem ou, pelo menos, diminuam.

E a imprensa tem um papel importantíssimo nesse empreendimento que tem o caráter de verdadeiro patriotismo. Mais que isso, a imprensa tem o dever, no sentido literal da palavra, de ser mais incisiva e atuante na restauração da ordem deste país.

Se voltarmos nossa atenção para o período que se seguiu ao contragolpe militar de 1964, vemos, num primeiro momento, a grande imprensa apoiando os militares. Uma posição correta, tal a bagunça generalizada promovida por Jango e aqueles que queriam, como se sabe hoje, transformar o Brasil numa grande Cuba.

Que o governo militar cometeu erros e excessos, ninguém pode negar. O que quase ninguém percebeu é que, enquanto combatia a esquerda armada, esqueceu-se da desarmada e até a protegeu, deixando-a controlar as instituições universitárias, culturais e a própria mídia. É claro que isso permitiu a difusão das ideias esquerdistas no Brasil. Esse foi o seu maior erro.

Com os marxistas empoleirados em todas as instâncias do poder, desde as universidades até as mais simples escolas de primeiro grau, a estratégia gramsciana de reengenharia social correu solta e tomou conta das mentes brasileiras em formação. Deu no que deu. A tomada do poder se consolidou definitivamente com a ascensão de Lula e instituiu-se o “way of govern” lulopetista.

O que tem isso a ver com a violência e a criminalidade? Ora, amigos, tudo. Os socialistas fingem acreditar no mito rousseauniano do bom selvagem. Para eles o  homem é bom, a sociedade é ruim; os pobres são sempre bons; os ricos, sempre ruins. Não há pecado, pois, “do lado de baixo do Equador”. Em consequência, as leis são sempre frouxas; sua execução, mais frouxa ainda. Os criminosos são sempre os coitadinhos que não tiveram oportunidade na vida, oprimidos que são pela “elite branca” e “os malditos burgueses” defensores desse “capitalismo selvagem” avassalador.

Não se iludam, ó foliculários, quando é que vão aprender? A grande maioria de vocês aceitou tacitamente o “politicamente correto” e segue, à risca, o texto da cartilha escrita por Lênin. Reconheço que muitos fazem apenas o papel reservado aos “inocentes úteis”. Ignorância crônica, entretanto, torna-se desonestidade.

Vocês sabem que socialistas só proliferam no caos, por isso precisam dividir a nação entre pretos e brancos, héteros e gays, ricos e pobres, feministas e machistas. Vocês sabem exatamente as perguntas que devem fazer às autoridades e não fazem. Da postura que devem tomar. Vocês sabem exatamente quem, ou quais grupos, ou quais partidos defendem a manutenção das penas ilusórias, a lei da palmada, a inimputabilidade dos galalaus de dois metros de altura, os privilégios, a turma do “não sabia”, o gayzismo, cujas ONGs receberam trinta milhões de reais do governo em tão pouco tempo.

Vocês sabem quem aparelha o Estado, quem desarma o cidadão de bem, mas não o bandido; quem quer a descriminação do aborto, quem está a serviço de George Soros, dono da metade da Colômbia, que espera sempre a maconha ser legalizada.

Vocês sabem quem quer regulamentar a profissão de prostituta, quem apoia as marchas das vadias e da maconha, quem torce o sentido da palavra homofobia e manipula dados estatísticos; quem persegue os cristãos e quer destruir a família tradicional, quem quer solapar as bases da cultura milenar judaico-cristã; quem subverte os valores mais caros e sublimes da civilização, quem faz doutrinação marxifreireana nas escolas; quem, sob a égide da educação sexual, imprime cartilhas pornográficas e distribui nas escolas de primeiro grau; quem invade o sacrossanto ambiente familiar para impor o Estadão Grande Irmão como legislador até das nossas alcovas.

Vocês também sabem quem é contra a construção de presídios, quem homenageia guerrilheiros terroristas com nomes de ruas; quem aplaude companheiros condenados pela Justiça, quem se empenha em inibir a ação armada das instituições
policiais, quem apoia as invasões de propriedades públicas e privadas pelo MST, quem perdoa dívidas de ditadores e tiranetes africanos, quem engendrou o decreto bolivariano 8423, quem abriga terroristas  internacionais.

Vocês sabem. Ah, vocês sabem muito bem!

Eles têm nome, sobrenome, sigla, endereço e CPF. Eu e vocês talvez tenhamos apenas uma preocupação exagerada com a nossa reputação e uma boa dose de covardia. É preciso ir muito além do “Inaceitável!”. Ainda que ele tenha a adição do ponto de exclamação. É preciso mais ação.

Esta é a contribuição que eu posso dar, além de ir às ruas algumas vezes, mas eu sou apenas um cidadão comum. A mídia, dizem, é o quarto poder.  Que o exerça, pois!



quinta-feira, 2 de julho de 2015

QUEM PROVOCOU ESSA GUERRA?

Neemias Félix

Comecei a trabalhar muito cedo, aos nove anos, numa padaria de um lugarejo. Acordava às três e meia da madrugada, preparava o tempero para a massa, ajudava a misturá-la num cocho e a tocar um pesado cilindro de madeira. À tarde, estudava. Quando voltava da escola, ajudava o padeiro a serrar os toros de madeira que serviriam de lenha para o forno no dia seguinte. Não ganhava um único tostão, apenas uns pães, muitas vezes dormidos. Às vezes, um pouco de trigo e açúcar para o mingau do meu pai, atacado pela terrível e constrangedora tuberculose. Com minha mãe, também plantei milho e feijão, à meia, no terreno de um vizinho. O dono da padaria era um homem pouco sensível e um tanto sovina, mas nunca o odiei. Sobrevivi. Estudei e trabalhei, tudo ao mesmo tempo, durante toda a minha vida, do primário à pós-graduação.

Numa loja em que trabalhava na adolescência, éramos visitados por dois homossexuais muito divertidos. Meu irmão e eu convivíamos bem com eles, sem problemas. Nossos fregueses também. Uma ou outra piadinha não atrapalhavam essa boa convivência. Um deles me gozava porque eu era magro ao extremo e tinha o rosto cheio de espinhas. Nenhum problema mais sério, nenhum ódio, convivência normal.

Quando crianças, os melhores amigos dos meus filhos superbranquelos, com olhos verdíssimos e translúcidos, eram pretos retintos. Brincavam, jogavam bola e rolavam na poeira. Do lado direito, pretos; do lado esquerdo, outros branquelos como meus filhos, que se misturavam, na rua, em casa, em todo lugar. Ao mudarmos para o meu bairro atual, meus branquelos, já na pré-adolescência, arranjaram um novo casal de amigos. Para variar, pretos também, com quem mantêm amizade até hoje. Sem problemas, sem ódio.

Como aluno e, depois, como professor, convivi com todo tipo de colegas. Só como professor, foram 33 anos. Alunos gays, colegas gays, nenhum problema, nenhum desrespeito. Uma gozação, uma menção à opção sexual aqui ou ali, claro, mas nada diferente das piadinhas com os gordinhos, os narigudos, os cabeçudos, os orelhudos ou os espinhentos como eu. O mesmo acontece com os gays da minha rua com os quais convivo há 25 anos. Um deles já cortou o cabelo dos meus filhos várias vezes e, inclusive, o meu. Convivência normal, sem problemas. Não os ouço reclamar de violência mais do que eu e os demais moradores.

Nos últimos anos, entretanto, parece que essa boa convivência, entre patrões e empregados, negros e brancos, héteros e homos, sofreu um abalo. Há disseminação de  rancores e estremecimento de amizades. Alguém poderia dizer que estou dourando a pílula ou vivendo em outro mundo. Não, mil vezes não! Não estou querendo negar que exista discriminação ou preconceito. Isso sempre houve e sempre haverá. A questão é outra, e as perguntas são: Em que nível ou grau? Por que a coisa é tão seletiva, privilegiando certos grupos? Quais são os números exatos? Quais as estatísticas reais e confiáveis? Quem as manipula?

Olhe para a sua família. Estenda o seu olhar para a sua rua, seu bairro, sua cidade, seu Estado, seu País. Qual a verdade? Qual a realidade? Quais os números reais? Pare, pense e pergunte: Quem nos botou pra brigar? Quem provocou essa guerra? A quem ela interessa?

Eu tenho as minhas respostas e posso dá-las a qualquer instante, sem paixão, com a consciência tranquila diante de Deus e dos homens, pressão doze por oito e setenta batimentos cardíacos por minuto. Quais são as suas?


terça-feira, 23 de junho de 2015

SÓ PODE DAR QUEM TEM (TUDO EMBOLADO NUM PARÁGRAFO SÓ)

Neemias Félix


As coisas geralmente são simples; nós é que as complicamos. Uma verdade clara e cristalina é esta: só pode dar quem tem, e de poço vazio não se tira água. Mesmo o amor, o carinho, a solidariedade e a palavra amiga só podem ser dados por quem tem, ora essa. Por isso o capitalismo não é apenas o melhor sistema econômico, apesar de suas imperfeições. Sejamos honestos: é o único que existe. Ah, mas ... e o socialismo? Ora, o socialismo só é sistema econômico para os inocentes úteis. O socialismo é uma cultura. Nunca existiu e nunca existirá como sistema econômico. O que faz é apenas distribuir cortesia com o chapéu alheio. Ah, as injustiças! Tudo bem, você acha que Neimar ganha muito e você pouco, né? Então você tem algumas opções: jogue o que ele joga e vá para o Barça. Não consegue? Então não vá ao estádio, não peça autógrafo, não compre os produtos com o nome dele. Acho mesmo que um cientista deve ganhar muito mais que o Neimar. Você também acha? Então tá: leia os seus trabalhos, escreva para ele e elogie-o; peça autógrafo, mande abaixo-assinados para a universidade em que trabalha, mande cartas para o Governo Federal; de quebra, convoque todo mundo pelo Facebook, alugue o Maracanã e encha-o com milhares de pessoas gritando com bandeirolas nas mãos: “Ar, ar, ar, cientistas valem mais do que o Neimar!”. Talvez dê certo. Tá caro, não compre; troque de produto ou compre menos e a empresa não se sustenta. Puxa, há sistema mais justo? O homem, esse sim, pode ser bom ou mau, generoso ou ganancioso. O pobre anda sempre quebrado, mas empresas fecham todo santo dia e ricos se suicidam, porque o sofrimento não é “privilégio” de ninguém.  Repito, ninguém pode dar do que não tem. Materialista, eu? Não. Quando Deus disse que nem só de pão vive o homem, implicitamente estava dizendo que também de pão vive o homem. Não há algo mais material e necessário que o pão, e ele custa dinheiro. Quando Jesus elogiou a viúva pobre que deu as duas moedas que tinha, lembre-se de que ela deu o que tinha e não o que não tinha. Socialistas dão o que não têm, o que tiram dos outros. A parte maior, entretanto, fica para eles, os burocratas, que invariavelmente enriquecem. Bem dizia minha saudosa mãe: quem parte e reparte e não fica com a maior parte ou é bobo ou não tem arte. Encerro com outro provérbio também muito usado pela minha mãe: o pouco com Deus é muito. Creio nisso piamente, uma verdade profunda e espiritual. Até porque creio (e nós pedimos isso a Deus) que Ele pode aumentar o pouco que temos. Nada de hipocrisia, pois.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

A ESTUPIDEZ DO ARGUMENTO DO “NÃO RESOLVE”

Neemias Félix

A chegada do lulocomunopetismo ao poder imbecilizou, estupidificou o Brasil, acabando definitivanente com o pouco de bom senso, racionalidade e inteligência que havia por aqui.

Exemplo disso é o argumento do "não resolve", usado pelos idiotas petistas quando alguém quer aprovar alguma lei mais rigorosa.

Tal é o que ocorre na questão da redução da maioridade penal, que os apedeutas (na verdade, os desonestos) parlamentares rejeitam, com a desculpa de que ela "não resolve" o problema da criminalidade.

Ora, ninguém pode cometer a parvoíce de afirmar que a redução da maioridade penal resolve o problema da criminalidade. Essa é a estratégia dos diversionistas - colocar na boca dos outros aquilo que ninguém disse e assim refutar um argumento que ninguém apresentou.

Quem defende a redução tem pelo menos duas certezas. A primeira é que isso pode desestimular ou inibir a prática de certos crimes. A segunda é que quanto mais tempo o criminoso estiver preso, menos crimes ele vai cometer. Nesse ponto, até resolve o problema, sim, no seu aspecto imediato. Será que alguém razoavelmente inteligente tem dúvida disso?

Se usássemos o argumento do "não resolve" em certas questões, veja o que aconteceria nestas situações:

Não devemos punir com mais rigor os corruptos; isso não vai resolver o problema da corrupção.

Não devemos continuar mandando os demais assassinos para a cadeia; isso não vai resolver o problema dos assassinatos.

Não devemos usar vacina contra a gripe. Isso não resolve o problema, porque no ano seguinte vamos ter que vacinar todo mundo novamente.

Não devemos nem mesmo comer, beber e dormir, pois isso não resolve o problema da fome, da sede e do sono, pois voltaremos a ter essas necessidades novamente.

Também não devemos tomar banho ou cortar o cabelo e as unhas; isso não resolve o problema da sujeira nem impede a volta do crescimento de cabelos e unhas. E assim por diante.

Com a confusão que esses inconsequentes criam, no afã de escamotear a verdade, é fácil perceber que eles são mais que simples idiotas. Na realidade, são tergiversadores, grandessíssimos e deslavados canalhas.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

PRENDAM AS ARMAS BRANCAS!

Neemias Félix

Somos um país realmente governado por idiotas incompetentes que querem também nos idiotizar totalmente, já que uma enorme parcela da população já está contaminada pela sandice das autoridades.

Depois dos assaltos bárbaros na lagoa Rodrigo de Freitas, em que os bandidos usaram facas em vez de armas de fogo, os "gênios" da segurança e da justiça do Brasil já começam a botar seus cérebros "privilegiados" para trabalhar.

Qual a solução? Penas mais duras para os bandidos e execução igualmente rigorosa? Não. Redução da maioridade penal? Não. Prisão perpétua? Nem pensar. Pena de morte? Nem em sonho. Retirada dos inúmeros benefícios que fazem o crime valer a pena e permitir que o assassino consiga sair da prisão no Dia das Mães alegando que vai visitar a santa mãezinha que, descobriu-se depois, ele mesmo matou? Definitivamente não.

Quais são seus inteligentes planos? Ora, criminalizar as armas brancas. Sim, as armas brancas, essas malditas assassinas que andam por aí sozinhas a cortar pessoas, estas sim, as verdadeiras culpadas de andar nas ruas e cometer o terrível crime de poder ter uma bicicleta para passear em torno da lagoa.

E já estão pensando em penas muito duras para os sanguinários artefatos perfurocortantes. Variam muito: dez anos para os canivetes, doze para as facas de cozinha e facões pequenos, quinze para as peixeiras,  dezoito para os punhais e adagas. Espadas e sabres terão penas rigorosíssimas. O sabre, como aquele que decapitou o jornalista Tim Lopes, será punido com trinta anos de prisão.

Já prevendo que pedaços de pau, gurugumbas e até rolos de macarrão podem começar a manifestar seus abomináveis instintos assassinos e sair, sozinhos, agredindo e matando pessoas, as doutas autoridades já preparam  uma lei que puna também esses terríveis celerados lígneos.

Para os bandidos e assassinos, nada de punição, é claro. Esses coitados não têm culpa de nada. São apenas vítimas dessa sociedade capitalista selvagem, injusta e desigual, naturalmente formada por esses malditos burgueses, todos da elite branca. Eles precisam de amparo e proteção. Talvez um pouco mais de massagem para desestressar os nervos e uns golezinhos do Santo Daime para desanuviar a mente.


Triste país!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

UMA DESAPAIXONADA CONCLUSÃO SOBRE O SOCIALISMO

Neemias Félix

Nesta madrugada acordei preocupado. Há bem uns doze anos tenho sido um duro crítico do socialismo. E comecei a pensar que as minhas críticas poderiam ser muito ácidas e injustas, que o meu mal-estar poderia ser decorrente da leitura de autores mal-amados, despeitados ou até recalcados, em razão de alguma decepção sofrida com o socialismo.

“Não”, pensei eu, “ainda que eu não tenha tanto conhecimento assim a respeito do assunto, preciso fazer uma análise desapaixonada, isenta.” E resolvi, além de uma autoanálise, fazer uma pergunta, a mais simples e honesta possível: Será que o socialismo não tem nada de bom, de útil, de necessário?

Comecei então a refletir, meditabundo que estava, a analisar a história, as ideias, as estratégias do socialismo desde a sua origem, no Éden, quando a serpente tentou “socializar” o conhecimento que só pertencia ao Criador, com aquela estratégia “inteligente” que todos nós conhecemos. Depois passei por Ninrod e sua famosa Torre, a Revolução Francesa, Marx e Engels, e rememorei pontos importantes do Manifesto Comunista. Preciso dizer aqui, a bem da verdade, que nesse momento já tinha começado a sentir um certo revolver estomacal. Também vi os rostos e as ações de figuras importantes, como Lênin, Mao, Stálin, Gramsci, Hitler (uma observação aqui: tem gente inocente que nunca leu o estatuto do partido dele que acha que ele era um extremista de direita), Fidel, Chávez, chegando até Lula, FHC e Dilma. A parte mais terrível do filme foram os mais de cem milhões de mortos, vítimas do socialismo, e foi nesse momento que  tive ânsias de vômito.

Mantive-me forte. Antes de desonerar o estômago, evoquei o período chamado de redemocratização do Brasil e cheguei aos dias atuais, em que o governo Dilma briga com seu próprio partido e os “aliados” para aprovar o ajuste fiscal.

Cheguei, assim, à seguinte conclusão:

As pessoas, entre as quais me incluo, que pensam que o socialismo não tem nada de bom, de útil, de necessário, estão muito enganadas. Tem, sim. A coisa mais importante e necessária, aliás, talvez a única razão de o socialismo existir é fazer-nos entender que, definitivamente, NÃO PRECISAMOS DELE.



sexta-feira, 8 de maio de 2015

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO OU CONSPIRAÇÃO MESMO?

Neemias Félix

A melhor tática para se desqualificar uma denúncia muito bem fundamentada é depreciá-la usando o termo teoria da conspiração. A coisa funciona porque às vezes a verdade é tão verdadeira, tão chocante, que parece mentira. Não que a tal teoria não exista também. Existe, sim, basta lembrar, entre tantas, a do Elvis Não Morreu e outra que envolve o assassinato de John Kennedy.

A teoria da conspiração é aquela misteriosa, em que tudo é muito perigoso, vago e secreto. Ela é capaz de criar uma mente circunspecta e paranoica que olha para todos os lados com desconfiança, sempre enxergando uma trama secreta por trás de qualquer acontecimento, ainda que não se tenha prova de nada.

O problema é que algumas supostas teorias da conspiração eram, na verdade, conspirações mesmo, como é o caso do Foro de São Paulo, criação conjunta dos camaradas Fidel Castro e Lula. Como se sabe, um dos primeiros a esgoelar e denunciar essa trama urdida sob as barbas das autoridades brasileiras, foi o filósofo Olavo de Carvalho. Os grandes jornais fizeram vistas grossas para esse congresso, que tinha no palco pessoas que mereciam um pouco mais de atenção, como Raúl Reyes, comandante das Farc, organização responsável por 40% do comércio de drogas na Colômbia, entre outras peças finas.

Hoje todo mundo fala do Foro, cujas resoluções determinaram a eleição de Lula e de Chàvez em seus respectivos países e a expansão do socialismo na América Latina. Hoje essas resoluções podem ser vistas por qualquer estudante de primeiro grau nas Atas do Foro, no site www.midiasemmascara.org. Nos anos noventa, tudo isso era teoria da conspiração. Agora se sabe porque as coisas estão como estão.

Para quem raciocina por clichês socialistas sub-repticiamente inoculados na mente de quem não gosta de pesquisar, para quem gosta de repetir chavões como “teoria da conspiração”, “de direita”, “PIG”, “reacionário” e “conservador”, bom seria prestar um pouco mais de atenção a certas fumaças que andam por aí. Na base delas pode ter fogo. E vermelho.


quinta-feira, 30 de abril de 2015

NISSO ELE TEM RAZÃO...

Neemias Félix

Há um tipo de atitude que está faltando nas discussões que correm o Brasil inteiro. Essa atitude se expressa nesta frase de quatro palavras: "Nisso ele tem razão". Ela é também o reconhecimento de um fato simples: não precisamos excluir uma pessoa totalmente das nossas relações, reais ou virtuais, por não concordarmos cem por cento com suas ideias.

Tenho percebido esses "gelos" principalmente nas discussões facebookianas. Pode-se ver claramente isso quando aquele "amigo" assíduo já não visita a sua página nem mesmo para curtir uma postagem neutra que não geraria polêmica nenhuma. 

Ora, quem é perfeito neste mundão de tantas diferenças e tão variadas ideias?
No entanto, na primeira rusga, lá estamos nós a ignorar e até mesmo a excluir alguém porque não concordamos com as suas opiniões.

Pode-se não concordar, por exemplo, com os gritos ou com os métodos de arrecadação de um cara como o Silas Malafaia. Tudo bem. Mas, se você é cristão católico ou evangélico, não pode deixar de reconhecer a coragem que ele tem de enfrentar as feras sedentas do sangue inocente dos abortivos, além dos apologistas da sodomia.

Já fui xingado de burro, indiretamente, num vídeo do padre Paulo Ricardo, mas não posso negar o seu valor quando ele discorre sobre marxismo cultural e instrui milhões de brasileiros anestesiados por meio século de propaganda esquerdista. Digo mais: sairia tranquilamente ao seu lado, numa manifestação em prol da liberdade, da família ou de qualquer causa que nos una.

É claro que há ideias e opiniões frontalmente contrárias a um mínimo de razoabilidade, assim como há fatos tão obviamente ululantes que não podem ser negados, sob pena de sermos tachados de insensatos. A burrice crônica e renitente é quase como o pecado contra o Espírito Santo, tal a sua gravidade. Entretanto, para os mais afoitos em desprezar os que pensam diferente, seria bem-vinda uma atitude de reconhecimento assim : "Não concordo com tudo o que ele diz, mas... NISSO ELE TEM RAZÃO."


terça-feira, 14 de abril de 2015

ANOTAÇÕES POLITICAMENTE INCORRETAS DE COMBATE A CLICHÊS POLITICAMENTE CORRETOS

Neemias Félix 

DIÁLOGO IMPERTINENTE
Alto clérigo:
- Diminuir a idade da maioridade penal não resolve o problema da violência.
Cidadão comum:
- Não quero resolver problema algum nem acabar com a violência. Isso é impossível, já que é decorrente da queda do homem e de sua natureza decaída. Eu só quero que o bandido de dezessete anos que me assaltou nove vezes não me assalte pela décima vez e não me faça amputar a outra perna por causa de outro tiro.
Alto clérigo:
- Devemos fazer justiça, não vingança.
Cidadão comum:
- É o que eu quero também, mas o safado que estuprou minha filha estava se vingando de quem? Essa frase devia ser dita pra ele, não pra mim. Deixar o bandido mais tempo afastado das pessoas de bem fará diminuir, sim, o número de assaltos que ele poderia praticar e as prováveis mortes que ele poderia causar.
Alto clérigo:
-Devemos viver e promover a paz.
Cidadão comum:
- É o que eu sempre fiz quando trabalhava honesta e pacificamente na minha loja. Essa frase devia ser dita para o bandido que me assaltou dezoito vezes e me deu um tiro na boca. Mas, tudo bem, diga isso a ele quando assaltar a sua casa.
Alto clérigo:
- É preciso ressocializar antes de punir; dar educação, trabalho.
Cidadão comum:
- Humhum, também acho. Ressocializar o cara que pratica pequenos furtos, que furta comida porque está com fome, que furta remédio pra socorrer a mãe doente... O sujeito que mata o adolescente pra roubar um tênis de marca tem que pegar cadeia braba. Aliás, ressocializar quem quer ser ressocializado, dar educação a quem quer se educar, dar trabalho a quem quer trabalhar, né? Tem gente que não acha essas coisas importantes...
Alto clérigo
- Você não entende, a dívida social é muito grande...
Cidadão comum

- Se é, na época ninguém me chamou pra comprar nada; aliás, tem dívida que fizeram por aí quando nem meu tataravô era nascido. Ora, se eu não consigo pagar nem as dívidas atuais, como posso pagar as que existem há centenas de anos e eu nem sei quem fez? Ô reverendo, tem dó, né... Trabalho duro desde os nove anos de idade e tenho uma família, que sustento com muita dificuldade. Acho que o senhor é que tinha que me arranjar algum pra pagar as minhas dívidas. Até logo e bença...

quinta-feira, 19 de março de 2015

O NEGÓCIO É SENTIR

Neemias Félix

O psicólogo Carlos Boechat, no Bom Dia Espírito Santo de hoje, definiu transexual como sendo a pessoa que “se sente, tem certeza emocional de que ela é do sexo oposto ao seu sexo biológico”.  Na entrevista, o assunto era o direito à utilização do nome social, uniforme e banheiro para os chamados transgêneros.

Teoricamente o psicólogo é um cientista, muito embora alguns estudiosos considerem a Psicologia mais uma técnica do que uma ciência propriamente dita. Não vem ao caso. O que me deixa admirado, embora eu seja leigo no assunto, é esse comportamento (para mim é um comportamento) ter uma definição tão pobre, tão frágil, tão lábil como a apresentada acima. Nada de espanto, isso é o que me sugerem o verbo “sentir” e a expressão “certeza emocional”. O psicólogo ainda exemplifica evocando a imagem de alguém que vai ao espelho, examina a sua genitália e diz: “Aquele genital (sic) não me pertence, é como se fosse um defeito físico”.

Na minha cabeça de homem comum, as implicações desse tipo de interpretação da realidade geram consequências terríveis.

É curioso observar que, pelo menos até a década de 1970, esse comportamento era listado entre os vários tipos de perversão sexual. Basta dar uma olhadinha nos livros do dr. Fritz Khan ou em qualquer enciclopédia do conhecimento sexual da época. “Bem”, dirão alguns, “isso era no passado...”

Ainda assim, fico a imaginar a seguinte cena: um sujeito nu, superpeludo, de barba e bigode bastos, se aproxima de um grande espelho. Examina cuidadosamente seus órgãos genitais e diz, com voz profunda e cavernosa: “Eu não me sinto homem. Tenho pênis, testículos, epidídimo, canais deferentes, próstata, vesícula seminal, mas... não me sinto homem. Estes órgãos não me pertencem. São como um defeito. Não quero ser chamado João, mas Matilde...” Não muito tempo atrás, esse cidadão seria preso e, mais tarde, internado num hospício. Ora, me dá meu boné!

Mutatis mutandis, como dizem os nobres causídicos, poderíamos achar as seguintes situações absolutamente normais: um guarda da rainha da Inglaterra abandona posto e farda, exige ser coroado e que todos o chamem de Elizabeth; um moleque da favela se sente o próprio Obama e exige que o levem no Air Force One para a Casa Branca. E que dizer do Inri Cristo? Vamos reconhecer a identidade que ele há anos reivindica. Afinal, ele “se sente” o próprio Cristo. Aliás, tem certeza!

Quanto a mim, não tenho grandes pretensões. Mas já estou percebendo que não sou professor. Na verdade, eu me sinto mesmo é senador. Olho para o meu contracheque e não o reconheço como meu. Tenho certeza de que eu sou um senador da República. Exijo, portanto, salário, moradia, verba de gabinete, passagens aéreas, assessores, tudo a que eu tenho direito. Digo, assevero e repito: não sou professor, sou senador!

Que loucura, gente. É o fim do mundo!


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PERGUNTAS QUE EU GOSTARIA QUE OS REPÓRTERES FIZESSEM

Neemias Félix

I. Sobre desarmamento:
1. Por que a insistência, no Brasil, das campanhas de desarmamento, se há provas inequívocas de que os índices de crimes com arma de fogo, ao contrário do que esperava, têm aumentado?
 Fonte: Mapa da Violência 2013, Centro de Estudos Latino-americanos.
 De 1980 a 2010, a população cresceu 60%; os crimes, 346,5%)

2. Na Suíça, quando um cidadão do sexo masculino completa 20 anos, recebe um rifle totalmente automático e treinamento para defender sua casa e sua família. Não seria interessante fazer isso no Brasil? Ah, sim, na Suíça o índice de criminalidade é apenas 1 (um), enquanto no Brasil é 25.
Fonte: Rich Wher, Courier Press, Evansville, Indiana, EUA.

3. O pesquisador Dr. John R. Lott constatou que nos estados americanos em que  as armas são proibidas a taxa de homicídios é mais que o dobro do índice de onde armas são proibidas. Por que, então, continuar desarmando a população brasileira depois de dados tão contundentes?
 Fonte: Os dados para o estudo foram obtidos de fontes oficiais do governo americano, em                  particular dos relatórios anuais do FBI sobre as taxas de crime, de 1977 a 1992 e                               estão no livro do “Mais Armas, Menos Crimes”, do dr. Lott.
   
Obs.: Nos EUA, a taxa de homicídios está em 5 para cada 100.000 
habitantes. Antes que perguntem, os acidentes caseiros com armas de  
 fogo são baixíssimos, quase desprezíveis, tanto lá quanto cá.

4. Por que as autoridades não fazem campanhas de desarmamento nas favelas?

5. Tiranos como Hitler, Stálin, Mao e Fidel Castro desarmaram a população para enfraquecê-la, enquanto esses ditadores ficavam armados até os dentes. Num país como o nosso, cada vez mais controlado pelo Estado, que se mete em tudo, não há receio de que isso também ocorra por aqui, para se instalar um governo totalitário?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ALCOOLISMO NADA TEM A VER COM “NÃO SABER BEBER”

Neemias Félix

Uma olhada nas cento e tantas curtidas e mais de trinta comentários da minha última postagem, levou-me a divulgar estas informações a respeito deste assunto sempre tão oportuno, que é o alcoolismo. Advirto que elas não têm caráter médico oficial, já que não tenho graduação nessa área e não sou nenhum especialista. São apenas o resultado da minha experiência de dez anos como bebedor compulsivo, das lições que aprendi no A.A. e dos trinta e três anos de sobriedade completados no último dia seis.

1. Ser ou não ser alcoólico não é uma questão de “saber ou não saber beber”. Quem dera fosse assim! O alcoolismo é uma doença reconhecida pela OMS e catalogada. É progressiva e incurável. Cerca de dez por cento da população apresenta uma predisposição para ser um dependente do álcool. Portanto, se a pessoa não tomar álcool durante toda a sua vida, jamais saberá se tinha a predisposição ou não.

2. Sendo o alcoolismo progressivo, é possível alguém beber durante anos e passar por “bebedor social”. Em certos indivíduos a doença pode se manifestar mais cedo, enquanto em outros só se manifesta depois de muitos anos.

3. Dois casos: a) Conheci um jogador de futebol que até os trinta anos não havia tocado em álcool. Começou a beber com essa idade e morreu seis anos depois. A doença foi devastadora: meu irmão o levava ao hospital e depois de alguns dias ele voltava para casa. Mesmo tomando remédios, ele mandava o filho comprar uma “meiota” escondido da esposa. b) Quando parei de beber, aos 28 anos, achava que um companheiro de cerveja não era alcoólico, pois bebíamos juntos desde os dezessete e ele era muito “controlado”, não dava sinais de ser alcoólico como eu. Uns dois anos atrás recebi a notícia de que ele também tinha se tornado dependente, ou seja, a doença se manifestou muito tempo depois.

4. Numa fase adiantada da doença, o livre-arbítrio, o controle, o “saber beber”, como dizem alguns, torna-se praticamente impossível. Pedir ao alcoólico para não beber é como pedir a um tuberculoso para não tossir – um milagre!

5. Ninguém começa tomando um litro de uísque ou uma grade de cerveja em apenas uma hora. Como disse, a doença é progressiva. O interessante é que muitos insistem em dizer que estavam tomando só uma cervejinha, umazinha só. E isso não é um problema de matemática.

6. O alcoólico quase nunca admite que tem um problema com a bebida. É a velha história: todo o mundo vê, menos ele, que deveria ser o mais interessado.

7. Preste atenção no bebedor de colchão de cetim. Pode ser um alcoólico, mas quase ninguém percebe, a não ser as pessoas muito próximas. É que ele tem sempre uns amigos para levá-lo para casa, quando o mundo começa a girar...

8. Atente também para o bebedor de gravata: elegantemente vestido, boa posição social... No fundo, um alcoólico, como qualquer pobre coitado dependente dessa droga lícita encontrável em todos os lugares.

9. Se a pessoa é alcoolista, não importa o grau da bebida que ele toma – uísque, cerveja, conhaque, cerveja preta... Álcool é álcool. Quando eu estava na ativa, andei trocando a cerveja comum (minha única bebida) por uma cervejota chamada Caracu, que diziam fazer bem à saúde. Certo dia bebi umas oito em menos de uma hora! Não tente se enganar. Um amigo meu, hoje juiz de direito, quando jovem balconista de uma farmácia, adorava ficar de plantão; assim podia se deleitar, à noite, com os volumosos vidros de Biotônico Fontoura de antigamente. O problema, é claro, não estava no Biotônico... No desespero, tem gente que bebe até perfume, depende da fase da doença em que o sujeito se encontre.

10. A fuga geográfica (mudar de cidade) não ajuda em nada o alcoólico. O problema está nele, não na cidade ou no lugar em que vive. O problema também não está nos amigos – uma desculpa dada pelas pobres mães para justificar o alcoolismo dos filhos; o problema está no bebedor, que ainda não reconheceu a doença, a dependência.

11. O alcoolismo pode atingir todo tipo de pessoa. Pobres, ricos, analfabetos e doutores, pretos e bancos, ateus e religiosos. No A.A. conheci padres e pastores com problemas de bebida. Um deles pediu autorização ao Vaticano para usar suco de uva em lugar de vinho para evitar o chamado primeiro gole. Um pequeníssimo cálice de licor ou um bombom que contenha álcool podem despertar o desejo de beber do adicto que está sóbrio há muito tempo.

12. O alcoolismo é uma doença social. A família do doente também adoece com ele. Tentar ajudar o dependente escondendo o problema e justificando suas faltas ao trabalho, por exemplo, só piora a situação.

13.  A Universidade Johns Hopkins elaborou um teste de quinze perguntas para uma pessoa detectar, por si mesma, se tem um problema de alcoolismo. Muitos dos chamados “bebedores sociais” se surpreenderiam com os resultados...

14. Parar de beber é a coisa mais fácil do mundo. Eu mesmo parei umas dez vezes (rsrs). Permanecer sóbrio num mundo em que a bebida está em todos os lugares como uma coisa normal e até necessária nas reuniões de todos os tipos é que é difícil. Antes de tudo, é preciso ter a humildade de reconhecer que se tem um problema e pedir ajuda. Hoje há pessoas, igrejas, instituições de todo tipo que prestam serviços preciosos de ajuda a quem quer alcançar a sobriedade. Aqui um destaque para os grupos de Alcoólicos Anônimos,  que há quase oitenta anos prestam um serviço gratuito e de grande valor à sociedade .

Espero que essas informações ajudem aqueles que precisam tomar consciência desse mal terrível.







terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A PARÁBOLA DO CACÓFAGO INSENSATO

Neemias Félix

O sábio e vetusto Nephele Bardo contou também esta parábola.

Certo homem que habitava o pequeno Reino das Bananas tinha o esquisito hábito de comer excremento. Cacofagia é o nome que se dá a esse tipo de hábito.

Apesar de estranho, o hábito desse homem até que era bem tolerado pela maioria das pessoas. É verdade que alguns o reprovavam por essa prática. Uns diziam que era antinatural; outros, que era doentia; outros mais, que era um grave pecado, uma verdadeira abominação contra o próprio Deus. O cacófago, entretanto, continuava com a sua prática, na maioria das vezes em lugares esconsos ou até no interior da sua própria casa. Assim a vida continuava sem grandes conflitos naquele país.

Tempos depois, porém, o homem descobriu que outros concidadãos tinham o mesmo hábito que ele, que a sua dejetomania se estendera por todo daquele musáceo país. Depois que um rei eneadátilo, com hábitos também sinistros, assomou ao trono, a comunidade dos cacófagos ganhou um apoio nunca antes visto na história daquele país. Até uma secretaria foi criada para cuidar dos direitos dos coprófagos. Estava desfraldada, pois, a bandeira da cacofagia!

A televisão apresentava personagens cacófagos nas novelas, dando-lhes uma notoriedade surpreendente. Para não chocar a grande maioria cristã, a princípio apresentou apenas as cenas de pessoas só inalando os odores dos excrementos; depois as cenas deslavadas, verdadeiros banquetes cacofágicos. As passeatas, chamadas de “Insolência Cacofágica”, se espalharam pelo paiseco das bananas, as associações de cacófagos se multiplicavam pelo reino, e seus líderes se apresentavam nos programas de TV. Deputados eram eleitos e reivindicavam o direito à cacofagia. Os números das estatísticas eram manipulados, qualquer agressão a um cacófago era noticiada à exaustão pela imprensa. E um termo desprezível, repugnante e capcioso foi criado para designar os que não aceitavam essa prática: cacofóbico. O movimento, que agrupava também aqueles que apenas aspiravam os odores fecais, criou a sigla sugestiva, inevitável e cacofônica CACAS , que quer dizer “Cacófagos, Cheiradores, Assemelhados e Simpatizantes”.

Os cacófagos queriam muito mais: a cacofagia oficializada. E não mediram esforços para atingir esse objetivo. Pelas caladas, num projeto que punia vários tipos de preconceito, chegaram ao cúmulo de introduzir artigos para criminalizar aquilo que eles chamavam de cacofobia, mesmo que fosse uma simples opinião contrária, com cadeia. Enquanto o projeto de lei se arrasta até hoje no Senado, em virtude da oposição de uns aguerridos e quase combalidos conservadores, o movimento já conseguiu o apoio do STF, que aprovou a união civil cacofágica, espécie de contubérnio em que as pessoas adeptas dessa prática vivem sob o mesmo teto como se fossem cônjuges comuns.

A continuar nessa marcha, o movimento cacofágico, a exemplo do que aconteceu com o personagem alienista de Machado de Assis, vai acabar por encarcerar todos os seres humanos eutróficos como insanos e dominar totalmente o país.

“Acautelai-vos contra os cacófagos insensatos”, termina o sábio Nephele Bardo. “Eles fingem ser pobres coitados que defendem seu supostos direitos, vítimas do preconceito da maioria, mas, na verdade, querem mesmo é impor, enfiar oficialmente sua perversão goela abaixo da sociedade pusilânime e passiva do Reino das Bananas.”


Assim o Reino das Bananas vai se tornar, de vez, com o devido perdão do tabuísmo, uma verdadeira merda!