segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

CONFISSÕES DE UM SIMPÁTICO VELHINHO IMPOSTOR

Sem querer desvalorizar o aspecto lendário do Papai Noel, mas...



                                           Texto e produção: Neemias Félix
                                           Música: Adhemar de Campos

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Não à bolsa-família! Sim ao trabalho!

Neemias Félix
Eu tinha nove anos. Meu pai, com os dois pulmões tomados  pela tuberculose, sobrevivia num quartinho separado, para a gente não se contaminar. Quase não tínhamos o que comer, mas lembro-me bem da farinha seca e da manjuba salgadíssima de caixa de madeira.

Com essa idade comecei a trabalhar numa pequena padaria. Acordava às três e meia da madrugada para preparar a massa e tocar um pesado cilindro de madeira que me deixava suspenso no ar. Não recebia um único tostão como pagamento,  mas o  padeiro  me  passava uns pães  dormidos e um  pouco  de  açúcar e trigo  para o  mingau do meu pai. Foi meu primeiro trabalho por dois anos. Ainda assim, eu estudava, porque papai dizia que a "instrução era muito importante". Também dizia que eu não devia furtar. É claro que, naquela época, a responsabilidade pelos nossos erros ainda não era atribuída à “sociedade”. Meu irmão, com treze anos e apenas uma vista, quebrava pedras numa construção. No ano seguinte, recebi o prêmio do meu esforço: primeiro lugar da classe da quarta série, com média 99. Como presente, um par de meias muito bonitas, mas só pude usá-las dois anos depois, quando comprei sapatos. Eles eram feitos de plástico, tinham uns furinhos na parte de cima e ficavam encharcados com a chuva. Outros trabalhos humildes apareceram antes da faculdade: estofador de poltrona, mecânico de bicicleta, balconista de casa de peças.

O Estado nunca foi meu provedor, nem com livros (eu os tomava emprestados ou os comprava de segunda mão), nem com merenda, que não tínhamos, nem com nada. Já professor formado, cheguei a ganhar um salário mínimo por muito tempo. Nunca desisti da profissão.

Não dê bolsa-família; dê trabalho.

Quando meu filho Gibran tinha nove anos, pediu para trabalhar - queria vender picolé; quando minha filha tinha doze, pediu também para trabalhar numa loja. Já formada em Direito, antes de exercer a profissão, trabalhava tranquila e honradamente numa padaria. Nunca teve vergonha disso.

Não dê bolsa-família; dê trabalho e instrução.

Agora veja: o filho de uma ex-empregada recebeu bolsa-família durante anos. Nunca trabalhou. Ia à escola para perturbar os professores e garantir a frequência para a maldita bolsa. Sempre gostou de rua e vadiagem. Há dois anos engravidou uma garota e hoje, com dezessete, tem um filho de um ano. Sabe onde moram os três? Na casa da minha ex-empregada. Sabe quem sustenta todos? Minha ex-empregada, porque os dois só foram ensinados a viver de bolsa-família, não a trabalhar. Continua na rua, na vadiagem.

Não dê bolsa-família, dê trabalho. Ainda no Éden, Deus disse: "Comerás o teu pão com o suor do teu rosto". Milhares de anos mais tarde, o apóstolo Paulo vai orientar os cristãos tessalonicenses: "Aquele que não trabalha também não deve comer".

Querem mais? Tenho uma neta adotiva de três anos, negra e bela como o ébano. Pelo amor de Deus, não lhe deem cota! Socialistas, vocês não têm o direito de fazer isso, de estragar a vida da minha neta! Deem-lhe apenas trabalho e instrução, porque educação seus pais lhe dão em casa. Governantes que mantêm benefícios como esse por muitos anos são incompetentes e desonestos. Nunca deveriam administrar uma nação!


Ah, acabo de receber uma informação: o filho da minha ex-empregada engravidou outra vez a companheira. Mas ele disse à mãe para ficar tranquila: vai mandá-la abortar.

domingo, 7 de dezembro de 2014

PEQUENA PARÁBOLA DA FORMA E FUNDO

Neemias Félix

Havia um homem que teimava em dizer que o importante era o conteúdo, não a forma. Um dia, ao passar por um terreno onde havia um barro muito pegajoso, este começou a grudar nas suas sandálias e a dificultar sua caminhada.

Ao sentar-se para descansar, acabou dormindo. O sol forte que se seguiu terminou por endurecer o barro das sandálias e a esculpir um esquisito calçado, muito diferente do que estava usando antes. Ao acordar, o homem não conseguia sequer manter-se em pé sobre aquelas estranhas alparcas que tinham, agora, um novo e inútil formato. Precisou raspar todo o barro duro e seco para continuar caminhando.

O homem então refletiu que, ao contrário do que pensava, a forma pode, sim, modificar o conteúdo, a ponto de fazê-lo ficar irreconhecível e até impraticável.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O CÉU É UM PÉSSIMO LUGAR

Neemias Félix

É interessante como o ser humano é contraditório em assuntos relacionados com a eternidade.

Tenho conversado com pessoas para as quais a ideia de Deus, eternidade, céu e inferno passa de largo, é algo tão abstrato, tão fantasioso como os contos de fada. Outras preferem viver e agir com uma autossuficiência espantosa, guiadas pelos seus conceitos particulares sobre bem e mal, uma justiça própria inconsistente diante da mais simples análise, na contramão de qualquer senso comum de ética e moral.

Outras mais, em atitude mais grave, perpetram os mais terríveis crimes, corrompem e são corrompidas, blasfemam, zombam dos cristãos porque estes oram, louvam, adoram, leem a Bíblia, reúnem-se com outros irmãos e tentam, com a ajuda do Criador, levar uma vida reta, estar mais próximos de Deus. Para aqueles, os cristãos são muito ingênuos, românticos, carolas, quando não ignorantes, alienados pelo “ópio do povo”, que é a “religião”.

A maioria delas, entretanto, por incrível que pareça, sempre pensa numa outra vida mais confortável que esta, com um Deus amoroso e longânimo que de alguma forma vai acolhê-las num “bom lugar”, o que significa que, a seu modo, elas pensam no céu, mesmo que de forma vaga e nebulosa. E são exigentes: “Como pode um Deus, que é amor, enviar alguém para o inferno? Isso seria uma injustiça, uma contradição.”

E é exatamente nisso que reside a maior contradição, não de Deus, mas dessas pessoas. Se pensarmos no reino do céu e de Deus como algo que começa no coração do ser humano e, portanto, aqui nesta vida, é fácil presumir que o céu é, ressalvadas as devidas proporções, um prolongamento da vida que levamos aqui. Noutras palavras: a vida eterna, para o cristão, começa aqui.

Por isso, o cristão verdadeiro não terá nenhum problema de “adaptação” na eternidade do céu, já que começa a vivê-lo aqui nesta dimensão. Para os que já estão sem essa intimidade com Deus e Seu modus vivendi,  será muito difícil e até constrangedor viver no céu. Ficarão, na certa, desconfortáveis, sem lugar. Por essa razão é que Deus, justiça seja feita, não manda ninguém para o inferno. As pessoas é que escolhem viver lá. Afinal é o prolongamento da vida que levaram aqui neste mundo. Nunca poderão reclamar de nada, porque sempre puseram Deus de lado. Nunca quiseram que Ele fizesse parte de sua vida, de seus planos, como farão isso no céu? Nunca tiveram intimidade com Ele por meio da oração, como serão seus amigos? Nunca o louvaram aqui, como o louvarão lá? Nunca se submeteram a Ele, como aceitarão Seu reinado lá? E Deus, que dotou o ser humano do livre-arbítrio, respeita isso.

Para eles, o céu será um péssimo lugar.
































domingo, 9 de novembro de 2014

Um aluno chamado Maninho

Neemias Félix

O apelido era Maninho. Do prenome não me lembro, mas o nome de família nunca me saiu da memória. Não é comum ter um aluno com sobrenome francês, menos ainda Bossois, com o oi virando , como ensinava o professor Octaviano Calmon na antiga primeira série ginasial. E o moleque, orgulhoso, fazia questão de escrever o sobrenome de um lado a outro do quadro, para pronunciá-lo com um bocão enorme: Bossuááá!

Sentava-se na primeira carteira da fila do meio, bem perto da mesa do professor. Era magricela, nem alto nem baixo. Durante a aula, não conversava muito, apenas umas viradas para pegar a borracha ou trocar uns sussurros rápidos com a colega do lado.

Os professores já haviam ultrapassado aquela fase besta do trauma. A moda agora era a participação. “A participação é muito importante”, lembravam-nos a cada minuto as pedagogas, e nós fingíamos valorizar a participação da molecada. Além, é claro, de nos esforçarmos para entender como era possível pôr em prática o tal atendimento individual em turmas de quarenta e tantos alunos, procedimento que as “ôras” gostavam de cobrar. Para os mais jovens, explique-se que “ôras” era a forma irônica e abreviada de nos referirmos às supervisoras e orientadoras.

Mas voltemos ao Maninho. Na metade da aula, eu corrigia, no quadro, um exercício sobre derivação.

—Vamos lá. Que palavras posso formar com o radical de “belo”?

— “Beleza”, grita um aluno no meio da sala.

Maninho faz menção de abrir a boca para participar, mas é interrompido por um colega mais rápido:

—“Embelezar”, fuzila outro, com gesto debochado e feminil.

—“Beldade!”, grita um terceiro, com ar de satisfação.

Percebo a ansiedade do nosso personagem e fico torcendo para ele conseguir se antecipar e dar sua contribuição. Os colegas, porém, não permitem. E as respostas rápidas se sucedem.

—O que formo com a palavra “rico”?

—“Riqueza!”

—“Ricaço!”

—“Enriquecer!”

Maninho coça a cabeça. A ansiedade vira agonia. Os olhos se arregalam, os lábios tremem. O peito arfa. Enquanto faço uma pausa para conter um pouco a voracidade da turma, ele prepara a palavra que representa talvez a sua última chance de participação. Volto ao quadro e crio um clima de suspense.

—Que palavra eu posso formar com o radical de... ”POBRE”?!

—“POBREMÁTICO!” — sapeca o ansioso Maninho, com um olhar expectante e ansioso de aprovação.

A classe é uma gargalhada só. A aula termina ali.






domingo, 7 de setembro de 2014

A LOUCURA DAS LEIS

Neemias Félix
Vejam a loucura e a irracionalidade das leis do politicamente correto socialista no Brasil, onde matar uma jacutinga pode dar mais cadeia do que eliminar um ser humano, cuja raça foi criada à imagem e semelhança do próprio Deus.

Chamar um jogador de “macaco”, num jogo de futebol, em que as emoções estão à flor da pele, tem consequências terríveis: lança o nome e a figura de uma jovem à arena dos leões, à execração pública; acaba certamente com a reputação da sua família, que nem estava no estádio; sujeita a moça a agressões, ao linchamento, fazendo-a maldizer o dia em que nasceu; elimina um time de futebol, da estatura e estrutura do Grêmio, da Copa do Brasil, como se a instituição fosse culpada do crime (e não as pessoas); cria um clima de convulsão social semelhante ao de uma guerra de verdade ou à proximidade do apocalipse.

Claro que não sou a favor do racismo, mas fico imaginando quantas vezes um “jogadorzinho sem muita expressão” como Pelé foi chamado de “macaco” quando não havia mais de três ou quatro câmaras registrando seus golzinhos sem graça. Imagino qual a importância que foi dada a isso e o quanto ele tirou o xingamento de letra, numa boa, sem maiores problemas, sem trauma, sem choro.


Fico também aqui a pensar (coisa que não se faz mais neste país socialista de merda) sobre a loucura, a irracionalidade, a desproporcionalidade, a incoerência das leis e das punições. Meu Deus! Será que esses loucos não veem a enxurrada de palavrões, como fdp!, vtnc!, vai ppqp seu fdp! e outros que são vociferados durante uma partida de futebol, tanto contra o juiz e os bandeirinhas quanto contra os próprios jogadores, e ficam impunes? O que é pior? Ouvir um coro de “macaco” ou de “fdp”? É, mas resolveram eleger para presidente dos palavrões o “terrível” e abominável “macaco”, logo ele, que os socialistas idiotas nunca tiveram vergonha de apresentar como resultado de um ancestral comum, tão importante como o homem. Eu aguento essa bosta de país?

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O Problema do Rótulo Religioso

 Neemias Félix

Se há algo precioso na Constituição Brasileira, este é o inciso VI do seu artigo 5º Ele trata da inviolabilidade da liberdade de consciência, crença e culto. Nada mais democraticamente sagrado. As religiões celebram esse direito e todos damos graças a Deus por viver num país com princípios assim.

No entanto, as mesmas religiões que enaltecem esse artigo, estranha e paradoxalmente nem sempre agem com o mesmo sentido de liberdade em relação às pessoas, individualmente.

Para embasar meu raciocínio, volto aos dias da minha infância e narro duas histórias que me marcaram profundamente.

Eu tinha uns cinco anos de idade e morava no bairro Vila Nova, quando um garoto esbaforido e resfolegante chegou à casa da minha mãe gritando pelos nomes de dois irmãos meus, Dita e Guerrinha, ambos adolescentes, chamando-os para participar de um batismo incomum. Um casal estava com um bebê à beira da morte e pedia a meus irmãos para serem padrinhos da criança que estava morrendo, vítima de crupe, outro nome dado à difteria. Acreditavam que a criança não iria para céu e sim para o limbo, um lugar inventado por Gregório, no século IV, para onde supostamente iriam as crianças que morressem sem batismo. Lugar tão inexistente que o próprio Papa Bento XVI, em 2005, numa reengenharia celestial, resolveu eliminar. Aliás, é muito fácil eliminar algo que nunca existiu...

Por causa de crenças assim, entre outras absurdamente antibíblicas, as religiões vão tornando o ser humano, criado por Deus com tanta liberdade, uma espécie de títere, presa fácil de dogmas e rótulos que ela vai arrastando pela vida afora, só se libertando realmente quando se encontra verdadeiramente com Cristo, o Libertador por excelência!

Assim é que – entro agora na segunda história – também vivi 32 anos de minha vida carregando um rótulo religioso que recebi sem meu consentimento e do qual foi muito difícil me desvencilhar. Infelizmente minha história é igual a de muitos outros, pressionados a viver, ad vitae, num nominalismo religioso insosso, acomodador e improdutivo. Tudo porque desde a mais tenra idade foi-lhes impingido e impresso um rótulo com o qual nunca concordaram. Embora essa marca tenha sido colocada por pessoas piedosas, na maioria das vezes, e com a melhor das intenções, as consequências são desastrosas. Se não, vejamos:

Sou filho de pais católicos nominais, ou seja, por tradição apenas, não por convicção. Desses que vão ao templo para batizar os filhos ou em casamentos e olhe lá. Assim, fui levado, no colo dos meus pais, à pia batismal. Sem meu consentimento, é claro, fui batizado e rotulado: católico! Comecei a perceber vagamente a gravidade disso quando me matricularam na primeira série. Ao preencher a ficha, a funcionária perguntou: “Religião?” A resposta demorou apenas um segundo: “Católica”. Na verdade, nem eu nem minha irmã tínhamos noção do que era isso, mas era quase uma obrigação. Também não sei o que seria dela se respondesse diferente, nem faço idéia.

Cresci e na escola tínhamos aulas de religião. É claro que os estudos tinham por base as doutrinas católicas. Lembro-me de que os colegas me perguntavam sobre já ter feito a “primeira comunhão”. Quando respondia que não, eles torciam a cara num misto de surpresa e asco. Hoje entendo que isso significava dizer: “Herege!”

Na adolescência comecei a analisar outras idéias a respeito de religião e entrei num turbilhão: lia desde o esoterismo de Madame Blavatski, Papus, passando por Kardec, Idries Shah e outros. Mais tarde, certo interesse pelos evangélicos, principalmente os adventistas. O interessante é que, mesmo discordando das doutrinas católicas, lá estava o rótulo, o estigma recebido na infância. E as pressões, ora disfarçadas, ora explicitamente cruéis dos amigos: “Na religião em que nasci vou morrer!” “Fora da Igreja não há salvação.”

O tempo passou, veio o casamento. Como não pertencia a nenhuma agremiação religiosa e, sob a pressão dos amigos do rótulo, que sempre enfatizavam a importância de casar “na Igreja”, no “religioso”, lá estou eu casando. Onde? Na igreja católica, é claro, onde mais?

Os filhos vêm e a força do rótulo continua. Lembra-se da história do menino com crupe, na minha infância? Pois é, o filme se repete na pressão dos parentes e amigos: “Não vai batizar a criança?” “Vai deixar o menino morrer pagão?” “Queremos ser os padrinhos, hem!” E lá estou eu, mais uma vez, sem nenhuma convicção, batizando o meu primogênito que, como eu, coitado, não pediu para ser batizado.

Com o segundo filho, uma fuga. Como em Linhares precisávamos fazer um cursinho de preparação, fomos orientados a fugir para a Bahia. E foi assim que batizamos a nossa filha lá nos cafundós de Caravelas, no meio do mato, literalmente, porque a coisa era mais fácil.

Pensam que a história acabou? Não. Convertido a Cristo aos 32 anos, finalmente o batismo desejado, por imersão (uma redundância, porque batismo já significa imersão), com absoluta consciência do que estava fazendo. Até aí tudo bem. Porém, por ser batizado no meio batista, passei a fazer parte não apenas do Corpo de Cristo, mas também de uma denominação religiosa, com todas as implicações que isso pode acarretar.

E elas não se fizeram esperar, com os novos e inevitáveis rótulos: “crente”, “protestante”, “evangélico”... Sem falar no olhar de reprovação dos “amigos”, para os quais passei a ser um vira-casaca, alguém assim como um corintiano que “vira” são-paulino. Certa feita tive de gastar duas boas horas para explicar a um primo da minha mulher por que eu tinha “mudado de religião”. Nunca foi tão difícil explicar algo tão óbvio: que, na verdade, eu nunca tivera religião nenhuma, já que carreguei apenas um rótulo que me colocaram na mais tenra infância. Foi duro!

É duro também explicar, no chamado meio evangélico, a que denominação você pertence, a que segmento específico você está filiado. Afinal você é batista tradicional, renovado ou regular? Do sétimo ou do oitavo dia? De que convenção, a Brasileira ou a Nacional? Crê no batismo com o Espírito Santo? Sim ou não? “Pra mim você parece mais pentecostal.” “Aquele ali não, é mais tradicional. Na verdade um ‘batistão’.” Rótulos, rótulos e rótulos. Ufa!

O rótulo religioso causa generalizações perversas. Ano passado fiquei indignado com uma manchete de um jornal do nosso estado: “Evangélico estupra adolescente na Serra”. Em e-mail enviado ao diretor de conteúdo, protestei contra a discriminação, perguntando, entre outras coisas, se os jornalistas também identificam adeptos de outras religiões quando cometem crimes. Ele se desculpou dizendo que eu estava “coberto de razão” e prometeu tomar providências.

Não pude escapar do constrangimento causado por um episódio que ficou conhecido como o “chute na santa”, quando um bispo da “Empresa Universal” (o rótulo é meu) chutou a imagem da Aparecida na televisão. No outro dia, tínhamos um culto programado na casa de amigos e parecia que mil dedos apontavam para nós: “Estão vendo? Eles também são ‘evangélicos’, como o cara que chutou a santa.” Como explicar que não tínhamos nada a ver com o tal bispo, que não concordávamos com aquela ação estúpida e contraproducente? Mas o rótulo “evangélico” às vezes faz descer todo mundo à vala comum.

Do mesmo modo, fico pensando no constrangimento dos padres e fiéis católicos depois de mais uma denúncia de pedofilia. Como explicar que nem todos os padres são assim? E os fiéis, que nada têm a ver com esse grupo de mentes doentes e miseráveis? Mas o rótulo lá está, implacável e acusador!

Concluo dizendo que não tenho a pretensão de resolver o problema do rótulo religioso. Até porque é próprio do ser humano e muitas vezes necessário organizar, ordenar, definir, classificar, etc. A questão é difícil entre os cristãos, porque também não podemos deixar que nossos filhos cresçam sem nenhuma instrução “religiosa”, por assim dizer. Mas devíamos achar um modo melhor de instruí-los nas questões espirituais essenciais e não tentar estigmatizá-los com rótulos religiosos, que têm importância secundária, para não dizer nenhuma. A pregação e o ensino de Jesus eram graves, porém libertários. Ele nunca se preocupou com tradições e placas e criticou duramente os hipócritas, preocupados com a capa da “religião”. Sempre pregava a Verdade, que era Ele mesmo, sua vida, seus valores, seu exemplo. Seus apóstolos e discípulos nunca pregaram um ritualismo oco, de fachada. Eram conhecidos como os “do caminho”, mas nunca se deram esse nome. Só mais tarde, em Antioquia, eles “foram chamados cristãos” (At 11,26), certamente pela identificação com Cristo, mas não porque se autodenominavam assim.

Essência, conteúdo e vida com Deus sempre foram e sempre serão prioridade na avaliação e visão que Cristo tem de nós. Ponto final.



terça-feira, 5 de agosto de 2014

SURPRESAS DA MATEMÁTICA

 Neemias Félix

Creio que todo aluno reclama de certas matérias aparentemente desnecessárias que estuda na escola. Quantos já não fizeram a célebre pergunta que eu também fiz, principalmente nas aulas de Matemática: “Por que eu tenho que estudar isso? Será que vou precisar dessa matéria no futuro?”

Para quem pensa assim, e até como homenagem a meus antigos professores, como Nílton do Carmo Guerra e Eldo Valneide Vichi, entre outros, conto a seguinte história que me aconteceu quando já estava alguns anos longe dos bancos escolares.

Acostumado a jogar bilhar numa mesa com 10 bolas, sabia que a partida era ganha quando um dos jogadores fazia 28 pontos primeiro, já que o outro só poderia atingir 27 de um total de 55, soma de todos os pontos das bolas da mesa, numeradas de 1 a 10.

Um dia, porém, meu cunhado e eu, ao entrarmos no antigo “Bar do Rafael”, que ficava bem em frente ao campo do Industrial, deparamo-nos com uma mesa de sinuca enorme, que tinha não 10, mas 15 bolas. Doidos para jogar, pegamos afoitos nossos tacos.  Como o Rafael estava enfurnado nos fundos do bar procurando sei lá o que, ficamos ali, tacos em punho, com cara de abestalhados, tentando calcular a quantidade de pontos de todas aquelas 15 bolas.

Exercício chato e desnecessário, não é? Afinal, era só esperar o Rafael chegar e teríamos a resposta em um segundo.

E foi o que fizemos. A resposta do dono, depois da demora nos fundos do bar, foi rápida: “Ora, são 120 pontos. Ganha quem fizer 61 primeiro. Vocês não sabiam?” Como saber? Nunca tínhamos jogado bilhar num sinucão daquele tamanho, com tantas bolas! E não estávamos ali pra ficar fazendo esses cálculos tolos, ora essa!

Ao chegar a casa, corri direto ao grosso livro de Matemática, dos tempos do Eldo. E a fórmula estava lá, quietinha, mas eficaz: S=(a1+an)n:2. Na verdade, as 15 bolas do jogo de sinuca, formavam a famosa PA (progressão aritmética), em que o S representa a soma de todos os termos; a1, o primeiro termo, ou bola 1; an o último termo, ou bola 15; e n, o número de termos, também 15. Tudo isso dividido por 2, chega-se ao número 120, que esperamos tanto tempo para começar a jogar!  Um cálculo fácil e de poucos segundos, não?

Meditabundo, lá pela meia-noite fiquei então refletindo na importância da Matemática para a nossa vida prática. E constatei que mesmo aquilo que parece não ter nenhuma serventia no dia a dia pode nos surpreender a qualquer momento e evitar assim um esforço desnecessário, como o de ficar somando, bola por bola, todos os pontos das bolas de bilhar.

Esse fato tem mais de 30 anos e até hoje não esqueci a fórmula da soma dos termos de uma PA, o que para um professor de Português é uma grande vitória.

Os mais experientes têm razão: saber nunca é demais. E, realmente, não ocupa lugar.


domingo, 13 de julho de 2014

FAÇA SEU PRÓPRIO SALMO

Neemias Félix

O Livro dos Salmos é uma bela coletânea de cânticos e orações atribuídos, na sua maioria, a Davi, rei de Israel. O título em hebraico é Tehilim, que pode ser traduzido como Louvores. Esses poemas deveriam ser entoados e acompanhados de instrumentos musicais, como se pode ver nas indicações e orientações que aparecem antes do seu início.

Como já foi mencionado, os salmos não têm apenas um autor. Davi contribui com 73 deles, mas os de Asafe (12), os dos filhos de Coré (12), os de Salomão (2), os de Hemã, Etã e Moisés também aparecem. Sem falar nos 48 de anônimos que dão sua preciosa colaboração ao mais belo livro da Bíblia.

É de se supor, portanto, que não foram produzidos por uma casta especial de clérigos ou artistas profissionais com registro na AMASI (Associação dos Músicos e Artistas Santos de Israel), e isso nos séculos de chumbo do Velho Testamento, em plena vigência das leis do Antigo Pacto.

Aonde quero chegar com essa conversa, você, na certa, já adivinhou. Todos esses salmos são belíssimos e não há nada contra recitá-los de memória ou fazer a sua leitura nas mais diversas reuniões. Os compositores podem usar toda a sua criatividade para reescrever, parafrasear, revigorar esses poemas, numa releitura de ritmos e harmonias as mais diversas, dando-lhes uma cara nova, contemporânea. Já é um grande passo. Porém não deixarão de ser os salmos de Davi, os salmos de Asafe e de outros.

Creio que o que Deus quer de nós é o nosso próprio salmo. Alguém pode argumentar que isso já existe e citar como exemplo a quantidade de músicas na enorme fatia de mercado que se abriu com a descoberta do mundo gospel (meu teclado às vezes falha quando aperto o i). Não me refiro a isso. Refiro-me ao salmo do cristão comum, do irmãozinho que não quer ou não pode gravar um CD góxpel; falo da gente simples que labuta no seu dia a dia, mas que sente, pelo tocar do Espírito, o desejo de dizer o que lhe vai no coração. Esses são os que deveríamos estimular. Afinal, não somos mestres em fazer a clássica distinção entre oração e reza? Lendo apenas os salmos de Davi não estaremos também apenas rezando, numa litania belíssima, mas que tem pouco a ver com a nossa própria vida atual e pulsante?

Concluo, pois, fazendo o que pouquíssimos líderes fazem, que é incentivar os cristãos comuns, músicos ou não, poetas ou não: ore a sua oração, escreva o seu próprio poema, com qualidade artística ou não. Reunião de cristãos não deveria ser sarau da ABL, palco do The Voice ou coisa que o valha.

Em poucas palavras: faça seu próprio salmo.


                                              

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O SONHO E A VISITAÇÃO

Neemias Félix*

“Quem não sonha morre.”

Também já disse essa frase várias vezes. Uma delas quatro anos atrás quando ousei dar uma palestra “motivacional” para alunos adultos de um curso noturno. Acho que me empolguei com as constantes afirmações dos neurolinguistas, que vivem a dar conselhos aqui e ali e, é claro, ganhar dinheiro para falar sobre tudo aquilo que as pessoas já sabem, gostam de ouvir, não põem nada em prática e continuam atrás da última novidade em termos de reprogramação mental. Empolgam-se por um momento, para uma semana depois se esquecerem de tudo que ouviram, e... até a próxima palestra.

Mas o assunto não é esse.  É este: sonhar, não como manifestação vaticinante ou profética, mas no sentido aqui de desejar, almejar, aspirar à realização de alguma coisa que está lá bem no fundo, no âmago do ser, é fundamental assim na nossa vida?

No que concerne à profissão e a todos os objetivos que queremos atingir neste mundo, debaixo do sol, sim. A questão aqui, que a minha cabeça de temperamento melancólico insiste em levantar, porém, não está circunscrita ao debaixo, mas ao acima do sol.

Dias atrás, meditabundo que estava, com a cabeça enfiada nessas lucubrações noturnas, como sói, aliás, aos melancólicos de muito meditar e pouco realizar, comecei a investigar os sonhos de personagens bíblicos famosos.  Que sonhos tiveram essas figuras que realizaram tão grandes portentos para atingir seus mais altos e sublimes objetivos? Tive uma surpresa! A resposta seca e simples é... nenhuns!

Comecemos por Abraão, o Pai da Fé. Com que sonhava esse homem quando estava em Ur, na Caldeia, antes de ser quase arrancado por Iavé e mandado para Canaã? Parece-me que... com nada!

Andemos um pouco mais e vamos encontrar Moisés. Colocado num cesto betumado para escapar à ira do faraó, ele acaba se transformando no príncipe do Egito. Mais tarde vamos vê-lo abandonando o palácio real. Aos quarenta, mata um egípcio e esconde o seu corpo na areia para defender um escravo. Depois, passa mais quarenta anos nas plagas montanhosas de Midiã. Que planos, que projetos tinha esse homem? Libertar o povo de Israel do jugo do Faraó? Nunca! Tanto é verdade que Deus teve de aparecer para ele numa sarça ardente e praticamente empurrá-lo, já aos oitenta anos, para a grande missão que veio a realizar mais tarde.

Querem mais? Que sonhos tinha Davi? Não me venham dizer que o menino ruivo , filho de Jessé, vivia pelas campinas, absorto em seus pensamentos, sonhando ardentemente ser rei de Israel. E Isaías, o grande profeta? Literalmente, no templo, contemplava. Mas isso era no Velho Testamento, dir-me-ão alguns. Adentremos então a casa de Maria. Sonhava ela ser a mãe do Salvador? Não me parece. Quais os sonhos dos apóstolos e dos discípulos? Pedro e André pescavam tranquilamente, Mateus coletava impostos, Lucas diagnosticava. Até que apareceu Jesus em suas vidas. A ordem do Mestre para eles não era “sonhem”, mas, simplesmente, “sigam-me”.

Quando Jesus morre, todos voltam à pacata vidinha de homens comuns, sem grandes projetos. Parecem pensar: “É, tudo foi muito bom, maravilhoso, lindo, mas... alguém precisa trabalhar nessa família.” Que sonhos, que planos tinham esses homens que, na ascensão, ainda perguntavam, meio abobalhados: “O Senhor vai restaurar o reino de Israel nesse meio-tempo?” E o interessante é que Jesus não mandou que se sentassem e burocraticamente planejassem os rumos da incipiente igreja primitiva. Nos dias de hoje e no lugar deles, talvez disséssemos: “Deixa conosco, Senhor. Vamos formar várias comissões, todo mundo planejando dentro de um cronograma rígido de trabalho. Criaremos departamentos, ministérios, nomearemos líderes e responsáveis e atingiremos tais e tais metas em tal e tal tempo...”

 Numa desprogramação absurda, contrária ao afã de fazer e realizar, Jesus usa palavras como esperar, ficar, não sair, até que fossem revestidos de poder. É Ele quem sonha, quem faz os planos, quem manda; os apóstolos apenas obedecem.

Termino com Paulo. Além de perseguir e levar presos os cristãos e cumprir farisaicamente a lei de Moisés, com que sonhava Paulo? Com nada.  É aí que ele vê o quanto Deus pode ser violento para realizar os Seus sonhos, a ponto de fazê-lo cair no chão da via e da alma. Nenhum plano, nenhum projeto dele, Paulo. No lugar deles, uma dúvida santa e fundamental: “Senhor, que queres que eu faça?”

Para quem quer viver acima do sol, não há sonhos, planos e projetos. O sonho, nesse caso, é menos importante do que a visitação, a epifania. Sim, vale mais a visitação do que o sonho. Bem diz e bendiz-nos o escritor de Provérbios: “Muitos são os planos do coração do homem, mas é o propósito do Senhor que permanece (Pv 19.21).”

Nessa altura desta, digamos, mais divagação do que reflexão, também me questionei: Devemos então abolir o sonho, o projeto, o planejamento? Não seria seguir a ideia inconsequente do “deixa a vida me levar” do compositor popular? A resposta é paradoxal: sim, desde que Vida esteja assim, com inicial maiúscula.

Se, pela nossa fraqueza, não soubermos ouvir a voz de Deus e tivermos de sonhar, que sonhemos os sonhos mais próximos dos Seus sonhos. O poderoso segredo dos homens e mulheres que Deus tem usado ao longo dos séculos não parece ser a habilidade de sonhar ou de fazer planos e projetos, mas a disposição, ainda que tímida às vezes, de obedecer.  A Ele, é claro.
                                                                                             
                                                                                *Neemias Félix não é teólogo.
                                                                                                   É apenas um cristão latino-americano

                                                                                                  que tenta viver os valores do Reino.

domingo, 6 de abril de 2014

TODO ADOLESCENTE É BESTA

                                
        Se tivesse de passar uma lição importante para os meus alunos, depois desses 33 anos de magistério, ela seria esta: Todo adolescente é besta.
        Calma, não se ofenda, por favor. Primeiro, porque besta aqui não está no sentido literal da palavra. Segundo, porque falo com a autoridade de quem já foi adolescente e, portanto, também muito besta. É possível que a palavra todo contenha algum exagero. Então fiquemos com noventa e nove por cento dos casos.
        A afirmação antipática acima não é nova. O famoso psiquiatra Flávio Gikovate já disse isso de outra maneira num excelente artigo publicado na revista Cláudia, em 1992, que aparece também num livro didático da oitava série. Ele afirma que, na tentativa de esconder sua insegurança, adolescentes e jovens se revestem de uma independência e uma auto-suficiência que não têm. Sentem-se, com isso, onipotentes. Sabem de tudo, fazem tudo melhor. Os outros, inclusive pais e professores, são quadrados, alienados, enfim, estão por fora.
         Esse “estado de graça”, entretanto, é que fará os adolescentes caírem do cavalo. E por quê? Porque são esses super-heróis que se envolvem em acidentes graves, dirigem embriagados, andam de moto sem capacete, transam adoidado sem nenhum freio moral e muito menos camisinha e se viciam em drogas. Afinal, dizem eles, nada de mal vai acontecer.
         Numa perspectiva menos dramática, acontece a seguinte evolução, ou involução, dependendo do ponto de vista. A criança que via seus pais como heróis intocáveis, começa a vê-los, na adolescência, como chatos e ultrapassados, incapazes de acompanhar o mundo e suas novidades. Enfim, um saco, no dizer desses seres especiais bafejados pelos deuses.
        A palavra do psiquiatra parece ser dura demais, mas é bem realista.  Se você não se enquadra na situação acima, parabéns. Mesmo assim, apesar de grande parte dos adolescentes não demonstrar essa ingênua presunção pintada acima, faça uma autoanálise sincera e desapaixonada, pois no fundo a maioria é exatamente assim. Mesmo que não digam, pensam e sentem-se assim.
        A boa notícia, em compensação, é que os adolescentes têm excelentes qualidades, características da própria fase. São fortes, têm energia e disposição para mover o mundo e executar projetos que nós adultos nem sempre temos gana de realizar. O que precisam fazer é carrear toda essa energia para o bem, para produzir o novo, enfim, transformar sua resmungação em indignação inteligente e produtiva.
       Se você é adolescente, acha que as críticas acima são injustas e pertence àquela minoria que não é besta, o desafio que eu lhe proponho é este: pare de protestar apenas por protestar, de criticar sem apresentar soluções e de reclamar dos professores e dos mais velhos. Adote a seguinte filosofia: vou fazer melhor. E faça efetivamente. Não existe maior alegria para o professor do que ver seu aluno crescer a ponto de superar o próprio mestre. É uma gloriosa derrota, se assim podemos dizer. Infelizmente é quase impossível ver isso ultimamente. Você tem todo o ano de 2009 para provar que Flávio Gikovate e eu estamos errados em relação à frase-título acima.
        Por fim, talvez ainda questione: E para os adultos, nenhuma crítica? Afinal não fazem tantas besteiras, às vezes até maiores que as nossas?
        Ah, já ia me esquecendo de dizer: console-se, os adultos às vezes são piores. Noventa e nove por cento deles não são apenas bestas, são metidos a besta.


quarta-feira, 19 de março de 2014

A MIS SESENTA AÑOS


Neemias Félix

No entra e sai desses anos
um a mais ─ o que acrescenta?─
o homem se senta e pensa

Ó vida, não me enfade
nesta acanhada antessala
da infinda Eternidade

Os anos vão retirando
apegos vãos, véu a véu
e o homem, cada vez mais
sente saudade do céu...


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

TEMPLO - CASA DE DEUS?


Se Deus disse:
“O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão? É este o meu lugar de descanso?” (Is 66.1)

Se o próprio Salomão (o construtor do templo) disse:
“Mas será possível que Deus habite em terra? Os mais altos céus não podem conter-te. Muito menos este templo que construí.” (I Reis 8.27)

Se Paulo disse:
“Acaso não sabem que o corpo de vocês é templo do Espírito Santo que habita em vocês...?” (I Co 6.19)

Se Estêvão disse:
“Todavia o Altíssimo não habita em casa feita por mãos de homens...” (Atos 7.48)

Se Jesus disse:
“... vocês não adorarão o Pai nem neste monte nem em Jerusalém,
(...) mas em espírito e em verdade. (Jo 4.21, 23)

Por que o templo ainda hoje é chamado de casa de Deus, e por que a espiritualidade do crente parece estar sempre associada à sua frequência ao templo?