quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Não à bolsa-família! Sim ao trabalho!

Neemias Félix
Eu tinha nove anos. Meu pai, com os dois pulmões tomados  pela tuberculose, sobrevivia num quartinho separado, para a gente não se contaminar. Quase não tínhamos o que comer, mas lembro-me bem da farinha seca e da manjuba salgadíssima de caixa de madeira.

Com essa idade comecei a trabalhar numa pequena padaria. Acordava às três e meia da madrugada para preparar a massa e tocar um pesado cilindro de madeira que me deixava suspenso no ar. Não recebia um único tostão como pagamento,  mas o  padeiro  me  passava uns pães  dormidos e um  pouco  de  açúcar e trigo  para o  mingau do meu pai. Foi meu primeiro trabalho por dois anos. Ainda assim, eu estudava, porque papai dizia que a "instrução era muito importante". Também dizia que eu não devia furtar. É claro que, naquela época, a responsabilidade pelos nossos erros ainda não era atribuída à “sociedade”. Meu irmão, com treze anos e apenas uma vista, quebrava pedras numa construção. No ano seguinte, recebi o prêmio do meu esforço: primeiro lugar da classe da quarta série, com média 99. Como presente, um par de meias muito bonitas, mas só pude usá-las dois anos depois, quando comprei sapatos. Eles eram feitos de plástico, tinham uns furinhos na parte de cima e ficavam encharcados com a chuva. Outros trabalhos humildes apareceram antes da faculdade: estofador de poltrona, mecânico de bicicleta, balconista de casa de peças.

O Estado nunca foi meu provedor, nem com livros (eu os tomava emprestados ou os comprava de segunda mão), nem com merenda, que não tínhamos, nem com nada. Já professor formado, cheguei a ganhar um salário mínimo por muito tempo. Nunca desisti da profissão.

Não dê bolsa-família; dê trabalho.

Quando meu filho Gibran tinha nove anos, pediu para trabalhar - queria vender picolé; quando minha filha tinha doze, pediu também para trabalhar numa loja. Já formada em Direito, antes de exercer a profissão, trabalhava tranquila e honradamente numa padaria. Nunca teve vergonha disso.

Não dê bolsa-família; dê trabalho e instrução.

Agora veja: o filho de uma ex-empregada recebeu bolsa-família durante anos. Nunca trabalhou. Ia à escola para perturbar os professores e garantir a frequência para a maldita bolsa. Sempre gostou de rua e vadiagem. Há dois anos engravidou uma garota e hoje, com dezessete, tem um filho de um ano. Sabe onde moram os três? Na casa da minha ex-empregada. Sabe quem sustenta todos? Minha ex-empregada, porque os dois só foram ensinados a viver de bolsa-família, não a trabalhar. Continua na rua, na vadiagem.

Não dê bolsa-família, dê trabalho. Ainda no Éden, Deus disse: "Comerás o teu pão com o suor do teu rosto". Milhares de anos mais tarde, o apóstolo Paulo vai orientar os cristãos tessalonicenses: "Aquele que não trabalha também não deve comer".

Querem mais? Tenho uma neta adotiva de três anos, negra e bela como o ébano. Pelo amor de Deus, não lhe deem cota! Socialistas, vocês não têm o direito de fazer isso, de estragar a vida da minha neta! Deem-lhe apenas trabalho e instrução, porque educação seus pais lhe dão em casa. Governantes que mantêm benefícios como esse por muitos anos são incompetentes e desonestos. Nunca deveriam administrar uma nação!


Ah, acabo de receber uma informação: o filho da minha ex-empregada engravidou outra vez a companheira. Mas ele disse à mãe para ficar tranquila: vai mandá-la abortar.

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