Neemias Félix
Eu tinha nove anos. Meu
pai, com os dois pulmões tomados pela
tuberculose, sobrevivia num quartinho separado, para a gente não se contaminar.
Quase não tínhamos o que comer, mas lembro-me bem da farinha seca e da manjuba
salgadíssima de caixa de madeira.
Com essa idade comecei a
trabalhar numa pequena padaria. Acordava às três e meia da madrugada para
preparar a massa e tocar um pesado cilindro de madeira que me deixava suspenso
no ar. Não recebia um único tostão como pagamento, mas o padeiro
me passava uns pães dormidos e um pouco de
açúcar e trigo para o mingau do meu pai. Foi meu primeiro trabalho
por dois anos. Ainda assim, eu estudava, porque papai dizia que a "instrução
era muito importante". Também dizia que eu não devia furtar. É claro que,
naquela época, a responsabilidade pelos nossos erros ainda não era atribuída à
“sociedade”. Meu irmão, com treze anos e apenas uma vista, quebrava pedras numa
construção. No ano seguinte, recebi o prêmio do meu esforço: primeiro lugar da
classe da quarta série, com média 99. Como presente, um par de meias muito
bonitas, mas só pude usá-las dois anos depois, quando comprei sapatos. Eles
eram feitos de plástico, tinham uns furinhos na parte de cima e ficavam
encharcados com a chuva. Outros trabalhos humildes apareceram antes da
faculdade: estofador de poltrona, mecânico de bicicleta, balconista de casa de
peças.
O Estado nunca foi meu
provedor, nem com livros (eu os tomava emprestados ou os comprava de segunda
mão), nem com merenda, que não tínhamos, nem com nada. Já professor formado,
cheguei a ganhar um salário mínimo por muito tempo. Nunca desisti da profissão.
Não dê bolsa-família; dê
trabalho.
Quando meu filho Gibran
tinha nove anos, pediu para trabalhar - queria vender picolé; quando minha
filha tinha doze, pediu também para trabalhar numa loja. Já formada em Direito,
antes de exercer a profissão, trabalhava tranquila e honradamente numa padaria.
Nunca teve vergonha disso.
Não dê bolsa-família; dê
trabalho e instrução.
Agora veja: o filho de
uma ex-empregada recebeu bolsa-família durante anos. Nunca trabalhou. Ia à
escola para perturbar os professores e garantir a frequência para a maldita
bolsa. Sempre gostou de rua e vadiagem. Há dois anos engravidou uma garota e
hoje, com dezessete, tem um filho de um ano. Sabe onde moram os três? Na casa
da minha ex-empregada. Sabe quem sustenta todos? Minha ex-empregada, porque os
dois só foram ensinados a viver de bolsa-família, não a trabalhar. Continua na
rua, na vadiagem.
Não dê bolsa-família, dê
trabalho. Ainda no Éden, Deus disse: "Comerás o teu pão com o suor do teu
rosto". Milhares de anos mais tarde, o apóstolo Paulo vai orientar os cristãos
tessalonicenses: "Aquele que não trabalha também não deve comer".
Querem mais? Tenho uma neta adotiva de três anos, negra e bela como o ébano. Pelo amor de Deus, não lhe deem cota! Socialistas, vocês não têm o direito de fazer isso, de estragar a vida da minha neta! Deem-lhe apenas trabalho e instrução, porque educação seus pais lhe dão em casa. Governantes que mantêm benefícios como esse por muitos anos são incompetentes e desonestos. Nunca deveriam administrar uma nação!
Ah, acabo de receber uma informação: o filho da
minha ex-empregada engravidou outra vez a companheira. Mas ele disse à mãe para
ficar tranquila: vai mandá-la abortar.
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