Neemias Félix
O psicólogo Carlos Boechat, no Bom Dia Espírito
Santo de hoje, definiu transexual como sendo a pessoa que “se sente, tem
certeza emocional de que ela é do sexo oposto ao seu sexo biológico”. Na entrevista, o assunto era o direito à
utilização do nome social, uniforme e banheiro para os chamados transgêneros.
Teoricamente o psicólogo é um cientista, muito
embora alguns estudiosos considerem a Psicologia mais uma técnica do que uma
ciência propriamente dita. Não vem ao caso. O que me deixa admirado, embora eu
seja leigo no assunto, é esse comportamento (para mim é um comportamento) ter
uma definição tão pobre, tão frágil, tão lábil como a apresentada acima. Nada
de espanto, isso é o que me sugerem o verbo “sentir” e a expressão “certeza
emocional”. O psicólogo ainda exemplifica evocando a imagem de alguém que vai
ao espelho, examina a sua genitália e diz: “Aquele genital (sic) não me
pertence, é como se fosse um defeito físico”.
Na minha cabeça de homem comum, as implicações desse
tipo de interpretação da realidade geram consequências terríveis.
É curioso observar que, pelo menos até a década de
1970, esse comportamento era listado entre os vários tipos de perversão sexual.
Basta dar uma olhadinha nos livros do dr. Fritz Khan ou em qualquer enciclopédia
do conhecimento sexual da época. “Bem”, dirão alguns, “isso era no passado...”
Ainda assim, fico a imaginar a seguinte cena: um
sujeito nu, superpeludo, de barba e bigode bastos, se aproxima de um grande
espelho. Examina cuidadosamente seus órgãos genitais e diz, com voz profunda e
cavernosa: “Eu não me sinto homem. Tenho pênis, testículos, epidídimo, canais
deferentes, próstata, vesícula seminal, mas... não me sinto homem. Estes órgãos
não me pertencem. São como um defeito. Não quero ser chamado João, mas
Matilde...” Não muito tempo atrás, esse cidadão seria preso e, mais tarde,
internado num hospício. Ora, me dá meu boné!
Mutatis
mutandis,
como dizem os nobres causídicos, poderíamos achar as seguintes situações
absolutamente normais: um guarda da rainha da Inglaterra abandona posto e farda,
exige ser coroado e que todos o chamem de Elizabeth; um moleque da favela se sente
o próprio Obama e exige que o levem no Air Force One para a Casa Branca. E que
dizer do Inri Cristo? Vamos reconhecer a identidade que ele há anos reivindica.
Afinal, ele “se sente” o próprio Cristo. Aliás, tem certeza!
Quanto a mim, não tenho grandes pretensões. Mas já
estou percebendo que não sou professor. Na verdade, eu me sinto mesmo é
senador. Olho para o meu contracheque e não o reconheço como meu. Tenho certeza
de que eu sou um senador da República. Exijo, portanto, salário, moradia, verba
de gabinete, passagens aéreas, assessores, tudo a que eu tenho direito. Digo, assevero
e repito: não sou professor, sou senador!
Que loucura, gente. É o fim do mundo!