quinta-feira, 19 de março de 2015

O NEGÓCIO É SENTIR

Neemias Félix

O psicólogo Carlos Boechat, no Bom Dia Espírito Santo de hoje, definiu transexual como sendo a pessoa que “se sente, tem certeza emocional de que ela é do sexo oposto ao seu sexo biológico”.  Na entrevista, o assunto era o direito à utilização do nome social, uniforme e banheiro para os chamados transgêneros.

Teoricamente o psicólogo é um cientista, muito embora alguns estudiosos considerem a Psicologia mais uma técnica do que uma ciência propriamente dita. Não vem ao caso. O que me deixa admirado, embora eu seja leigo no assunto, é esse comportamento (para mim é um comportamento) ter uma definição tão pobre, tão frágil, tão lábil como a apresentada acima. Nada de espanto, isso é o que me sugerem o verbo “sentir” e a expressão “certeza emocional”. O psicólogo ainda exemplifica evocando a imagem de alguém que vai ao espelho, examina a sua genitália e diz: “Aquele genital (sic) não me pertence, é como se fosse um defeito físico”.

Na minha cabeça de homem comum, as implicações desse tipo de interpretação da realidade geram consequências terríveis.

É curioso observar que, pelo menos até a década de 1970, esse comportamento era listado entre os vários tipos de perversão sexual. Basta dar uma olhadinha nos livros do dr. Fritz Khan ou em qualquer enciclopédia do conhecimento sexual da época. “Bem”, dirão alguns, “isso era no passado...”

Ainda assim, fico a imaginar a seguinte cena: um sujeito nu, superpeludo, de barba e bigode bastos, se aproxima de um grande espelho. Examina cuidadosamente seus órgãos genitais e diz, com voz profunda e cavernosa: “Eu não me sinto homem. Tenho pênis, testículos, epidídimo, canais deferentes, próstata, vesícula seminal, mas... não me sinto homem. Estes órgãos não me pertencem. São como um defeito. Não quero ser chamado João, mas Matilde...” Não muito tempo atrás, esse cidadão seria preso e, mais tarde, internado num hospício. Ora, me dá meu boné!

Mutatis mutandis, como dizem os nobres causídicos, poderíamos achar as seguintes situações absolutamente normais: um guarda da rainha da Inglaterra abandona posto e farda, exige ser coroado e que todos o chamem de Elizabeth; um moleque da favela se sente o próprio Obama e exige que o levem no Air Force One para a Casa Branca. E que dizer do Inri Cristo? Vamos reconhecer a identidade que ele há anos reivindica. Afinal, ele “se sente” o próprio Cristo. Aliás, tem certeza!

Quanto a mim, não tenho grandes pretensões. Mas já estou percebendo que não sou professor. Na verdade, eu me sinto mesmo é senador. Olho para o meu contracheque e não o reconheço como meu. Tenho certeza de que eu sou um senador da República. Exijo, portanto, salário, moradia, verba de gabinete, passagens aéreas, assessores, tudo a que eu tenho direito. Digo, assevero e repito: não sou professor, sou senador!

Que loucura, gente. É o fim do mundo!


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