Neemias Félix
O brasileiro tem uma dificuldade enorme de
raciocinar.
Debruçar-se sobre uma questão, analisá-la, ouvir
argumentos diversos, coletar dados e confrontá-los para chegar a uma conclusão
parece ser uma tarefa gigantesca, às vezes até dolorosa para esse povo movido a
sentimentos e emoções, crendices e superstições. Basta lembrar um dos bordões mais conhecidos
e mais idiotas que circula por todo o país: “Futebol é emoção.” Aí vem uma
seleção bem preparada, bem treinada, fria e determinada, que mete sete gols na
gente. Nós ficamos com a emoção, o choro e a terrível humilhação; eles, com a
vitória, a celebração e a taça.
Toda essa longa introdução para falar do problema do
desarmamento e da revisão do famoso estatuto.
Os números (oficiais!) do Mapa da Violência são
claros, secos e objetivos, tudo com base nos nove anos antes do Estatuto (até 2003) e nos mesmos nove anos depois dele (2004 a 2012):
Taxa de
homicídios antes do Estatuto: 26,44
Taxa de
homicídios depois do Estatuto: 26,80
(1,36% a mais)
O mínimo que se poderia esperar depois do Estatuto
seria a diminuição da quantidade de armas nos homicídios. Nem isso se
conseguiu. Veja os números:
Utilização de
armas de fogo antes do Estatuto: 64,95%
Utilização de
armas de fogo depois do Estatuto: 70,81% (aumento de 9%)
Qualquer povo com um mínimo de senso crítico e
capacidade de raciocinar concluiria que o Estatuto não teve nenhuma eficácia
naquilo a que se propôs e precisa ser mudado. Além disso, seus efeitos
colaterais fragilizaram ainda mais a sociedade inerme e acuada. Mas o brasileiro, não. Prefere ficar com os
sentimentos, o romantismo, os ditos sem reflexão, os lugares-comuns e deixar-se
emprenhar pelos ouvidos com os chavões que os socialistoides incutiram e
incutem até hoje nas mentes pouco dadas à crítica racional. Aqui estão alguns
deles:
“Violência só gera violência.”
“Para que serve uma arma de fogo, senão para matar?”
“Se o pai não tivesse uma arma em casa, a pobre
criança não teria matado o coleguinha...”
“A única arma que o cristão deve usar é a Bíblia...”
Realmente, é muito difícil botar alguma lógica e
inteligência na cabeça de um povo assim...
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